Um novo estudo publicado pela empresa de consultoria McKinsey aponta que o Brasil está entre os dez maiores emissores globais de gases de efeito estufa, ocupando a sexta posição. Contudo, apesar dos desafios que ainda apresenta para a descarbonização de diferentes setores, o país tem um perfil diferente dos demais que encabeçam o ranking, podendo tirar vantagens desse status.
Segundo a publicação, um desses diferenciais é que 95% da diminuição das emissões de gases poluentes pode ser realizada a um custo inferior a US$ 20 por tonelada de carbono.
Além disso, o país possui vantagens estruturais, como uma das matrizes de geração de energia elétrica mais limpas do mundo. Com domínio notável da hidráulica e de fontes renováveis como eólica, solar e biomassa – quase 89% de participação em 2022, segundo o mais recente Balanço Energético da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Certamente, isso é um forte auxílio para a transição para uma economia mais sustentável em um ritmo mais rápido em relação a outras nações, inclusive àquelas classificadas como menos poluentes.
Contudo, as fontes não renováveis de energia são maioria se for feita uma análise setorial geral. Majoritariamente carvão, petróleo e gás natural, representam, em conjunto, mais da metade da matriz energética total (52%), segundo a EPE. Aliás, a transição para fontes renováveis de energia é justamente uma das principais estratégias para a descarbonização de diversos setores econômicos, conforme relata a pesquisa.
Principais vetores para a descarbonização
De acordo com a McKinsey, os principais vetores para promover a descarbonização da economia, por setor, são:
Utilização do solo e das florestas
Trabalhar para a diminuição do desmatamento ilegal, que hoje representa aproximadamente 30% das emissões nacionais de gases de efeito estufa, e, com isso, buscar formas mais sustentáveis de uso da terra, assim como a restauração florestal e ambiental.
Agropecuária
Usar de técnicas de manejo sustentável dos animais, como a melhoria das pastagens e acompanhamento da saúde animal; implementar técnicas regenerativas na agricultura e uso de alternativas sustentáveis para produção de alimentos, no caso biodefensivos agrícolas. Uma agricultura de baixo carbono é uma das principais possibilidades para uma menor emissão de gases poluentes no Brasil, enfatiza a publicação.
Transportes
Implementar veículos elétricos para o transporte de passageiros e de cargas e aumentar a utilização de combustíveis sustentáveis na aviação.
Energia
Aumentar a participação de fontes de energia renovável sem considerar apenas a eletricidade.
Indústria
Adotar o hidrogênio verde; da chamada bioenergia, como biometano e biocarbono, criação de tecnologias para captura, uso e armazenagem de carbono; e aprimoramento da eficiência energética.
Considerando essas mudanças de infraestrutura necessárias, conforme o relatório, em um cenário de economia zero carbono em 2050, essas ações devem ser adotadas nesses e em todos os outros setores econômicos para controlar as emissões de gases de efeito estufa e promover a descarbonização da economia.
Nesse contexto, um custo de aproximadamente US$ 20 por tonelada de carbono possibilitaria a transição energética brasileira. Com isso, seriam necessários, em média, US$ 80 bilhões anuais em investimentos para a descarbonização.
Além do mais, esse aporte contribuiria em até US$ 15 bilhões para elevação do Produto Interno Bruto (PIB) e para a criação de até 1,1 milhão de postos de trabalho.
Maiores emissores globais de gás carbônico
À frente do Brasil, esses são os cinco primeiros países do ranking global de maiores emissores de gás carbônico do mundo:
- China, respondendo por 25% de toda a emissão mundial;
- Estados Unidos, com 12%;
- Índia e União Europeia, responsáveis por 7% das emissões mundiais, cada;
- Indonésia e Rússia, com cada um emitindo 4% do total de gás carbônico em escala global.
Vale mencionar que seus perfis de emissões abrangem majoritariamente o uso de combustíveis fósseis em sua matriz energética, como o carvão, gás natural e petróleo, sobretudo em setores como transporte, indústria e construção.
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