Os testes envolvendo a moeda digital brasileira seguem em evolução, com o Banco Central (BC) dedicando atenção especial à solução de privacidade a ser adotada para o Drex.
Em painel realizado no Rio WebSummit, em abril de 2024, Fábio Araújo, coordenador do projeto, destacou o cuidado que o BC vem tendo para assegurar a proteção da privacidade dos usuários, enquanto procura alcançar a escalabilidade da moeda.
Segundo ele, as várias soluções testadas até então não otimizaram a relação entre esses dois requisitos, fundamentais para a futura aceitação do Drex. Por conta disso, a autarquia continua avaliando quais soluções são mais adequadas, ou seja, as que possam garantir os resultados almejados.
Araújo acrescentou que essa primeira etapa de testes ficou mais concentrada nos contratos inteligentes para atender as especificidades da plataforma que será disponibilizada para o mercado.
A expectativa é de que, até meados de 2024, seja encerrada a primeira etapa do experimento e definido o prazo de produção do BC. Contudo, o lançamento do Drex deverá ser postergado para 2025.
Ao mesmo tempo, o BC segue empenhado em aprimorar a tokenização de ativos financeiros no Brasil. A autoridade monetária brasileira lidera essa discussão em âmbito global.
Por que a privacidade dos usuários é importante para o Drex?
Na conferência anual de 2023 do Centro de inovação do Banco de Compensações internacionais (BIS na sigla em inglês), Agustín Carstens, gerente geral do BIS, enfatizou que uma estrutura capaz de assegurar a privacidade dos usuários será essencial para impulsionar a aceitação das moedas digitais nacionais.
Nesse sentido, em linha com o posicionamento do BIS, o empenho do BC para garantir a preservação da privacidade dos usuários do Drex se justifica pela própria percepção das pessoas quando se fala na utilização das CBDCs.
Segundo uma pesquisa de 2023 realizada pelo Banco Central Europeu (BCE), 43% dos cidadãos apontaram a privacidade como fator crucial para que elas venham a usar moedas digitais nacionais.
Essa demanda, explica o estudo, tem relação direta com as transações online, já que elas envolvem a captação e o processamento de um grande volume de informações tanto pessoais como financeiras, o que deixa as pessoas receosas quanto ao armazenamento e a destinação desses dados.
Segurança cibernética
Ainda envolvendo a privacidade dos usuários, outro ponto de atenção no radar do BC quanto ao desenvolvimento do Drex corresponde aos riscos de segurança cibernética.
Isso porque, apontam os especialistas, caso haja vazamentos ou delitos envolvendo dados pessoais, os usuários do Drex ficariam expostos, suscetíveis a golpes e fraudes.
Ademais, os bancos também poderiam incorrer em grandes perdas financeiras, se vendo obrigados a bancar processos de indenização.
Como o número de ataques cibernéticos continua em ascensão no Brasil, um dos países que mais sofrem com o problema na América Latina, o zelo quanto à segurança do Drex ganha ainda mais força.
Só nos primeiros três meses de 2024, o aumento no número médio de ataques cibernéticos por organização, em relação ao último trimestre de 2023, chegou a 38%, índice superior ao registrado globalmente, de 28%, segundo uma pesquisa recentemente divulgada pela Check Point Research.
Nesse cenário, acrescenta a publicação, uma organização brasileira é atacada, em média, 1.770 vezes semanalmente, enquanto no escopo global esse número é de 1.155 vezes.
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