Investimentos verdes precisam envolver mais os consumidores

Clientes de varejo têm buscado ativos sustentáveis, mas relatam dificuldades pela falta de produtos ESG e pela insuficiente compreensão do funcionamento deles.
Investimentos verdes precisam envolver mais os consumidores
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Equipe Propague
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Os investimentos verdes ganham espaço à medida que os mercados financeiros apostam na sustentabilidade. Contudo, enquanto se observa um esforço crescente para melhorar a gestão de riscos, as taxonomias e as divulgações relacionadas a esses produtos, ainda não tem sido direcionada atenção suficiente para interagir, influenciar e apoiar os consumidores, isto é, os pequenos investidores.

Segundo Emma McGarthy, chefe do Instituto de Política Sustentável do OMFIF, embora reguladores e instituições financeiras não possam se antecipar à tomada de decisões e às preferências de sustentabilidade desse público, é possível capacitá-lo e aumentar a transparência.

Em artigo publicado pelo OMFIF, ela defende que só assim será possível ampliar a segurança do mercado e facilitar o processo de escolhas mais informadas entre os pequenos investidores, furando a bolha dos investidores institucionais.

Os clientes de varejo têm buscado investimentos verdes e outras ferramentas financeiras sustentáveis, mas essa busca tem sido dificultada pela falta de produtos ambientais, sociais e de governança (ESG na sigla em inglês), pelas diferentes classificações existentes e por uma má compreensão do que os termos dos contratos significam na prática.

Além disso, McGarthy sustenta que as instituições financeiras precisam conhecer melhor esses ativos, obtendo a informação necessária para definir metas, atrair investidores e dar a sua contribuição para a transição rumo a uma economia zero carbono.

Entre os investimentos verdes estão, por exemplo, debêntures (comuns ou incentivadas), cotas de fundos de investimentos em direitos creditórios, letras financeiras, certificados de recebíveis do agronegócio e do setor imobiliário, hipotecas e outros ativos que financiam projetos sustentáveis.

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Como ampliar a penetração dos investimentos verdes entre os pequenos investidores

Tomando como base o que foi discutido em uma mesa redonda do OMFIF – onde debateram Stephen King, vice-presidente de Soluções de Sustentabilidade da Visa; Carlos Martín Tornero, especialista sênior em ESG e associado principal da Autoridade de Conduta Financeira (FCA) do Reino Unido; e Sarah Kemmitt, consultora da Iniciativa Financeira do Programa Ambiental das Nações Unidas (ONU) –, McGarthy destacou colocações importantes sobre a questão.

Na discussão sobre como envolver os consumidores na mudança para uma economia zero carbono, via alocação de recursos em investimentos verdes, Tornero citou três objetivos operacionais fundamentais considerados pela FCA: proteção ao consumidor, melhoria da integridade do sistema financeiro e concorrência. 

De acordo com ele, ao considerar esses objetivos e facilitar a competitividade internacional da economia do Reino Unido, observou-se um interesse crescente em investimentos verdes e sustentabilidade pelo público em geral.

Paralelamente, King apontou que os bancos poderiam tirar proveito das oportunidades criadas pelo avanço das finanças incorporadas, estabelecendo um ecossistema onde o financiamento e a oferta de investimentos verdes alcançasse mais consumidores. 

Tal proposta contou com o apoio de Kemmitt, ao orientar que as instituições financeiras permitam que os consumidores alinhem suas atividades financeiras com objetivos de sustentabilidade.

Nesse sentido, ela explicou que as parcerias estabelecidas com os bancos, por meio das finanças incorporadas, poderiam promover soluções holísticas, como o financiamento de bens sustentáveis, estimulando ainda mais um comportamento sustentável por parte do consumidor.

Construção da informação e capacitação da clientela

Diante da necessidade crescente de dados ao nível do produto para incentivar e impulsionar uma maior escala de investimento e alocação de ativos pelos pequenos investidores, McGarthy afirma ser primordial a pressão por divulgações de sustentabilidade padronizadas e relatórios obrigatórios.

Dessa forma, é possível reduzir a incerteza e aumentar a escalabilidade, a oferta de fontes de dados abertas e os insights transacionais, como forma de capacitar os consumidores para fazerem escolhas informadas e os encorajarem a práticas sustentáveis. 

 

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