Embora tenha se acelerado com a pandemia da Covid-19, no Brasil, o comércio eletrônico já existe há aproximadamente três décadas e sua história acompanha o desenvolvimento da internet no país. Ao longo desse tempo, o modelo além de crescer se transformou e, hoje, ganha novos contornos ao ultrapassar fronteiras, com o avanço das compras online internacionais, especialmente da Ásia, e a preferência dos brasileiros pelos marketplaces.
Para entender o que isso significa, dois estudos recentemente divulgados procuram explicar como esses dois fenômenos estão impactando positivamente o comércio eletrônico no Brasil e o que se espera do setor pelos próximos anos.
O primeiro deles, “Insights and Opportunities for Regional Expansion Success – Interconnecting Asia-Pacific and Latin America” (Insights e oportunidades para o sucesso da expansão regional – interconectando a Ásia-Pacífico e a América Latina, na tradução direta), lançado pela Nuvei, uma fintech canadense da área de pagamentos, aponta que o comércio eletrônico deve crescer 20% ao ano no Brasil entre 2022 e 2026, alcançando até US$ 328 bilhões.
Em se tratando de América Latina, o desempenho deixa o Brasil atrás apenas do México, que deve registrar um incremento de 32% no comércio eletrônico ao ano em igual período.
Nesse cenário, afirma a publicação, grande parte do crescimento será impulsionado pelo comércio eletrônico transfronteiriço com a Ásia, que atualmente representa apenas 16% de todas as importações das compras online da região, mas que deve quase dobrar de tamanho até 2026, chegando a 28%.
Por que o comércio eletrônico brasileiro é tão atraente para a Ásia?
De acordo com o estudo da Nuvei, de todos os países da América Latina, o Brasil, ao lado do México, é particularmente relevante e atraente para as empresas asiáticas no comércio eletrônico por atributos como o seu tamanho, dinamismo e padrões culturais. Características semelhantes às dos mercados asiáticos.
Além disso, a região conta com centenas de métodos de pagamento locais, o que também contribui para o sucesso das vendas. Afinal, os comerciantes podem facilmente integrar e encontrar o método de pagamento certo para atrair clientes em suas plataformas de comércio eletrônico. Aqui, basta observar o sucesso do sistema de pagamento instantâneo Pix, que se juntou aos já populares boleto e cartões.
Assim, a integração desses fatores com a intenção das empresas asiáticas de expandir suas operações e atingir clientes além de sua região de origem, colocam a América Latina, em especial o Brasil, no topo de sua lista de mercados-alvo.
O papel impulsionador dos marketplaces
Juntamente com o maior acesso a produtos importados, a concentração da jornada de compras online em marketplaces é outro impulsionador do comércio eletrônico no Brasil, segundo o estudo “Marketplaces: hábitos e tendências do consumidor brasileiro”, lançado pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) em conjunto com a empresa de pesquisa Toluna.
Esse estudo descobriu que 85% dos consumidores brasileiros usam marketplaces como principal plataforma de comércio eletrônico. Além disso, cerca de 80% deles afirmam utilizar os marketplaces para pesquisar antes de comprar.
De acordo com a publicação, o motivo principal para utilizar esse tipo de plataforma é “encontrar preços mais baixos”, citado por 73% dos entrevistados, seguido por “é mais fácil/ prático/ conveniente” (60%), e “ter uma escolha mais ampla” (55%).
E na tentativa de encontrar preços mais baixos, explica Eduardo Terra, presidente da SBVC, as compras em plataformas transfronteiriças são vistas com a mesma naturalidade que aquisições feitas em marketplaces nacionais. Desse modo, corroborando o interesse revelado pelas empresas asiáticas no comércio eletrônico brasileiro, conforme relata o estudo da Nuvei.
Ademais, o uso de diversos meios de pagamento nas plataformas digitais também é um aspecto de destaque da pesquisa da SBVC. Segundo a publicação, apesar de o parcelamento no cartão de crédito ser o meio preferencial de compra em marketplaces, é importante mencionar que 20% dos consumidores já pagaram via Pix nas plataformas.
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