Pagamentos em criptomoedas: as apostas para o futuro

Estudos de importantes players do mercado traçam possíveis cenários para a adoção de criptomoedas como forma de pagamento e quais fatores podem ajudar a desenvolver a adoção.
Data
Autor
Equipe Propague
Produto
Compartilhar

Uma pesquisa recém-lançada pela empresa de inteligência em pagamentos Nuvei e a consultoria Flagship Advisory Partners traça possíveis cenários para o futuro dos pagamentos em criptomoedas no comércio eletrônico. Contrapondo as expectativas entre um quadro classificado como otimista e outro sob uma perspectiva mais pessimista, o estudo examina ainda como está aceitação das moedas digitais privadas pelos comerciantes na atualidade. Além disso, aponta as oportunidades que podem ajudar a desenvolver esse mercado e o que permanece como barreira para o seu avanço.

De acordo com a publicação, em um cenário mais otimista, a previsão é de que ocorra uma ampla aceitação de pagamentos em criptomoedas no comércio eletrônico nos próximos sete anos. Isso pode ser atribuído, explicam os responsáveis pelo estudo, a múltiplas fontes de disrupção e iniciativas de mercado que foram anunciadas recentemente e criaram um cenário positivo para a aceleração da adesão a criptomoedas no comércio C2B.

Nesse cenário otimista, a pesquisa considera que “Tanto as criptomoedas tradicionais quanto as stablecoins desempenham um papel importante de desenvolvimento na condução da aceitação do comerciante. Tecnologias de próxima geração, como NFTs, também catalisam o mercado ao impulsionar novas formas de comércio digital, expandindo-se muito além da arte, música e colecionáveis”.

Ao mesmo tempo, nesse cenário, o estudo vislumbra que as CBDCs (moedas digitais de banco central) deverão se expandir ao lado das criptomoedas, fornecendo infraestruturas tecnológicas semelhantes para consumidores e comerciantes. “À medida que as CBDCs ganham destaque, os consumidores tendem a adotar novos aplicativos e formas para armazenar, recuperar e negociar as moedas digitais de banco central, além das criptomoedas. Esses aplicativos de criptografia certamente vão acelerar a usabilidade de moedas digitais como um todo e a interoperabilidade para aceitação do comerciante”, conclui o documento em sua análise otimista do futuro dos pagamentos em criptomoedas.

Leia também: Moedas digitais: entenda o que são criptomoedas, stablecoins e CBDCs

A necessidade de estruturas regulatórias claras

Para que esse cenário otimista seja delineado, destaca o estudo, é preciso que os reguladores trabalhem rapidamente, em colaboração com os players do setor, no sentido de definir estruturas regulatórias claras que tenham como objetivo promover a adoção de pagamentos em criptomoedas entre comerciantes, consumidores e intermediários financeiros.

A expectativa é que a clareza regulatória induza os provedores de pagamento tradicionais e de grandes tecnologias também possam ser levados a agir a fim de acelerar o desenvolvimento de soluções nessa direção. Caso contrário, a previsão é de um cenário mais pessimista para o futuro da aceitação de pagamentos em criptomoedas.

No cenário mais pessimista, o relatório destaca: “Prevemos uma jornada desafiadora de resistência ativa e contínua de governos, comerciantes e consumidores, impedindo a adoção do mercado de massa nos próximos anos. Nesse cenário, um ambiente regulatório restritivo continua sendo o fator mais importante, gerando incerteza e dificultando a aceitação e a adoção do uso”. A conclusão nesse sentido é que a resistência dos reguladores ou a falta de clareza regulatória silencia movimentos que empurram na direção de aumentar a adesão.

Vale conferir: Regulação de criptomoedas: mercado cresce, mas países oscilam entre promoção e proibição

Possíveis barreiras à adoção de pagamentos em criptomoedas

Ao lado da falta de clareza regulatória, os pesquisadores acrescentam ainda o atrito na experiência de compra do consumidor e as preocupações com privacidade e segurança como os maiores obstáculos para a aceitação do pagamento em criptomoedas pelo comerciante. Juntamente com esses fatores, a pesquisa também aponta como impeditivos:

  • Liquidação de criptomoedas: os comerciantes assumem que se aceitarem pagamentos de criptomoedas, o os acordos serão em criptomoedas, expondo à volatilidade dos preços, custódia e riscos fiscais;
  • Risco de volatilidade: os comerciantes resistirem por estarem expostos à volatilidade das criptomoedas, cujo preço pode flutuar enquanto o consumidor está no fluxo de checkout;
  • Economia fraca/falta de um caso de negócios: Os comerciantes percebem os pagamentos em criptomoeda como caros para aceitar;
  • Preocupações ESG: A mineração de criptomoedas como o Bitcoin (que usam proof of work como mecanismo de consenso) é intensiva em energia e pode levar a preocupações ambientais prejudiciais.

Como está a aceitação dos pagamentos em criptomoedas

Projeções à parte, a pesquisa reconhece que, atualmente, a aceitação comercial de pagamentos em criptomoedas ainda é incipiente e está longe do cenário otimista que o estudo prevê. A saber, representa apenas uma pequena fração, cerca de US$ 6 bilhões (0,06%) do mercado global de comércio eletrônico, calculado em US$ 10 trilhões.

Além disso, apesar da estimativa de que 300 milhões de pessoas usem criptomoedas hoje em dia em todo o mundo, apenas entre 15% e 25% as estão utilizando para pagamentos de comerciantes. Assim como aproximadamente 70% dos usuários usam criptomoedas somente como reserva de valor ou para investimento especulativo.

De acordo com o levantamento, até o momento, a maioria do volume de pagamentos em criptomoedas é impulsionada por comerciantes em segmentos específicos, como jogos online, entretenimento e serviços digitais. Enquanto isso, os comerciantes tradicionais ainda não aceitam as criptomoedas como uma alternativa viável.

Dentro do contexto atual, a pesquisa aponta também que mercados em desenvolvimento, com histórico de instabilidade financeira e altas proporções de populações não bancarizadas, têm uma adoção mais ampla das criptomoedas.

Futuro dos pagamentos: stablecoins x depósitos tokenizados

Além da discussão sobre o futuro dos pagamentos em criptomoedas proposta pela pesquisa citada, vale acrescentar o que um grupo de pesquisadores do Federal Bank (Fed) de Nova York disse recentemente sobre o papel das stablecoins e dos depósitos tokenizados.

Enquanto a pesquisa apresentada pelos dois players do mercado considera que tanto as criptomoedas tradicionais quanto as stablecoins desempenham um papel importante de desenvolvimento na condução da aceitação do comerciante, os pesquisadores do Fed de Nova York argumentam que, provavelmente as stablecoins não serão o futuro dos pagamentos.

Para eles, as stablecoins seriam ineficientes para transferir dinheiro se a tecnologia de contabilidade distribuída for integrada às finanças tradicionais. Na sua avaliação, elas amarram ativos sem motivo. “Amarrar ativos seguros e líquidos, como o dólar americano, em um acordo de stablecoin significa que eles não estão disponíveis para outros usos, como ajudar os bancos a cumprir seus requisitos regulatórios para manter liquidez suficiente”.

Dessa forma, sugerem que os depósitos tokenizados poderiam ser o caminho a seguir considerando o futuro dos pagamentos via criptoativos. “Embora vários detalhes práticos precisem ser trabalhados, o princípio por trás dos depósitos tokenizados é direto. Os depositantes bancários seriam capazes de converter seus depósitos em ativos digitais – os depósitos tokenizados – que podem circular em uma plataforma DLT. Tais depósitos representariam uma reivindicação sobre o banco comercial do depositante, assim como um depósito regular”, explicam.

Veja ainda:

Todos os produtos

Quer se
aprofundar mais?

Com uma linguagem simples de entender, as análises do Instituto Propague vão te deixar por dentro dos principais temas do mercado.

Leia agora!