Uma das funções do Banco de Compensações Internacionais (BIS) é oferecer serviços financeiros à sua base de clientes, atualmente composta por cerca de 180 bancos centrais, autoridades monetárias e organizações internacionais. Dessa forma, valendo-se de sua larga experiência na gestão de carteiras de renda fixa, a instituição vem apostando cada vez mais em títulos verdes.
Sua primeira incursão nessa área foi em setembro de 2019, quando o BIS lançou seu primeiro fundo de títulos verdes para bancos centrais e desde então não parou mais. Tanto que acaba de lançar seu terceiro fundo do gênero, desta vez, dedicado a financiar investimentos em projetos verdes na Ásia e região do Pacífico.
Batizado de Asian Green Bond Fund (Fundo de Títulos Verdes Asiáticos na tradução direta), o novo fundo, aberto a toda clientela do BIS, investe em títulos verdes denominados em dólares americanos emitidos por governos dos países asiáticos. Mas também inclui ativos da mesma natureza de instituições financeiras internacionais e empresas que cumprem com os padrões verdes globais.
Na criação do fundo, o BIS contou com a orientação do seu Conselho Consultivo Asiático. Ao mesmo tempo, teve a colaboração do Banco Asiático de Desenvolvimento.
Carteira de US$ 3,5 bi em títulos verdes
Juntos, o Asian Green Bond Fund e os outros dois fundos de títulos verdes para bancos centrais, lançados pelo BIS, respectivamente, em setembro de 2019 e janeiro de 2021, vão administrar cerca de US$ 3,5 bilhões.
Tamanho volume de recursos faz parte do compromisso do BIS de apoiar práticas de financiamento e investimento ambientalmente responsáveis. Além do que, está em linha com a participação do banco na Rede de Bancos Centrais e Supervisores para Esverdear o Sistema Financeiro.
De acordo com comunicado do BIS ao mercado, o novo fundo fará revisões anuais a fim de garantir que reflita as mudanças no cenário global de finanças verdes. Nesse contexto, explica Siddharth Tiwari, representante-chefe do BIS para a região da Ásia e do Pacífico o Asian Green Bond Fund poderá considerar na primeira e segunda revisões anuais se deve expandir seu investimento em títulos de transição e títulos verdes denominados em moeda local. Inicialmente, o alvo são títulos verdes denominados em dólar.
“O desafio é que os investidores possam avaliar o risco climático de maneira mais precisa, principalmente em uma região tão vulnerável como a Ásia. Assim, eles poderão investir de forma racional e que não represente risco à estabilidade financeira”, disse. Nesse sentido, Tiwari acrescentou que o BIS pode desempenhar um papel de catalisador ao reunir os bancos centrais e as comunidades de desenvolvimento em apoio ao esforço global na questão do clima.
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Áreas foco do BIS
Segundo Bruno Carrasco, diretor geral do Departamento de Desenvolvimento Sustentável e Mudança Climática do Banco Asiático de Desenvolvimento, que colaborou com o BIS na criação do fundo, o Asian Green Bond Fund vai ajudar a financiar projetos ecologicamente corretos em áreas críticas como produção de energia renovável e eficiência energética na região da Ásia e do Pacífico. Tiwari ainda destaca que, “na Ásia, há um forte desejo dos bancos centrais de promover o esverdeamento de suas economias”.
A saber, os fundos de títulos verdes do BIS pertencem à família BIS Investment Pool (BISIP). Essa formatação é normalmente usada pela BIS Asset Management, área de gestão de ativos do banco, para seus produtos de investimento de renda fixa.
Além disso, os títulos elegíveis para o novo fundo de títulos verdes asiáticos têm uma classificação média mínima de A- e cumprem os Princípios de Títulos Verdes da International Capital Market Association e/ou o Climate Bond Standard publicado pela Climate Bonds Initiative.
Segundo o BIS, a expectativa é de que seus fundos de títulos verdes continuem a crescer à medida que as práticas de investimento sustentável dos gestores de reservas evoluírem.
“O Asian Green Bond Fund é uma adição forte e bem-vinda aos dois fundos de títulos verdes existentes no BIS. Vindo logo após a COP26, ele demonstra mais uma vez o firme compromisso do BIS em fornecer um veículo muito necessário e seguro para os bancos centrais globais em seus esforços para apoiar investimentos ecologicamente corretos”, disse ainda Peter Zoellner, chefe do departamento bancário do BIS.
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