Certamente um dos métodos mais inovadores e disruptivos do mercado de pagamentos na atualidade, os pagamentos instantâneos estão se espalhando globalmente, apontando para um crescimento significativo.
De acordo com um novo estudo da Juniper Research, espera-se que a movimentação por meio dos pagamentos instantâneos salte cerca de 163% em todo o mundo, saindo de US$ 22 trilhões em 2024 para US$ 58 trilhões em 2028.
Esse crescimento substancial será impulsionado pela crescente popularização dos pagamentos conta a conta (A2A na sigla em inglês), juntamente com o avanço do Open Banking.
Juntos, eles facilitam transações feitas diretamente de contas bancárias dos usuários reduzindo os custos para comerciantes e a complexidade para usuários. Os pagamentos A2A são populares para transferências entre indivíduos, geralmente para empréstimos informais e reembolsos a amigos e familiares.
Nesse cenário de ascensão dos pagamentos instantâneos, países como a Índia e o Brasil vêm se destacando, revelando-se como os mercados mais desenvolvidos nessa modalidade.
Segundo um relatório publicado em abril pela ACI Worldwide, em colaboração com a GlobalData, a Índia encabeçou o ranking global de pagamentos instantâneos em 2023, com 49%; em seguida, aparece o Brasil ocupando a segunda colocação, registrando 14% de participação.
A nível mundial, foram contabilizadas mais de 266 bilhões de transações instantâneas no ano passado – acréscimo de 42% na comparação com 2022.
Ainda conforme a pesquisa, quando se olha para o mercado brasileiro, o incremento na quantidade de pagamentos instantâneos alcançou níveis recordes, totalizando mais de 37 bilhões de operações no período – um salto de aproximadamente 78%.
Para 2028, são esperadas 115 bilhões de transações do gênero no país, o que corresponderia a mais de 50% de todos os pagamentos eletrônicos em território nacional.
UPI e Pix na dianteira
Em seu relatório, a ACI Worldwide relata que, a partir da definição de quadros regulamentares e o aumento da demanda por pagamentos instantâneos, tanto na Índia como no Brasil surgiram ecossistemas colaborativos para impulsionar casos de utilização inovadores, revolucionando os negócios e melhorando o dia a dia da população.
O sucesso de sistemas em tempo real, como o UPI da Índia e o Pix do Brasil, revela que os consumidores e os comerciantes estão prontos para tirar proveito dos benefícios dos pagamentos instantâneos: liquidação mais rápida, mais segurança ante o uso do dinheiro em espécie e melhor liquidez na comparação com outros métodos.
Por conta disso, a publicação mostra que 84% de todas as transações eletrônicas realizadas no mercado indiano, por exemplo, já são em tempo real, enquanto no Brasil essa proporção é de 36%.
Prova de que o Pix está revolucionando a indústria de pagamentos nacional, além de o sistema estar se expandindo e ampliando o seu alcance além-fronteiras. É o que acrescenta Viktoriia Degtyareva, CMO e cofundadora da Paysecure, em artigo publicado na plataforma The Paypers.
Nesse contexto, ela destaca inovações como a introdução de pagamentos parcelados, os planos em curso para implementar pagamentos recorrentes (Pix Automático) e a internacionalização da ferramenta, com interesse de autoridades da América Latina, Europa e África.
Além disso, o Banco Central brasileiro está explorando ativamente parcerias para vincular o Pix a plataformas em todo o mundo, com a Itália já manifestando interesse em um acordo bilateral.
Paralelamente, o Banco de Compensações Internacionais (BIS na sigla em inglês) também está otimista quanto ao potencial global do Pix, conforme demonstrado pelo projeto Nexus.
Na avaliação de Degtyareva, a iniciativa visa facilitar a interoperabilidade global entre sistemas de pagamentos instantâneos como o Pix, permitindo transações transfronteiriças e melhorando a conectividade financeira em escala mundial.
Brasileiros superam norte-americanos e britânicos em pagamentos instantâneos
Um outro estudo, desta vez conduzido pela PYMNTS Intelligence e encomendado pela Visa Acceptance Solutions, demonstra que cerca de 82% dos consumidores brasileiros movimentam recursos usando pagamentos A2A, fatia superada apenas pelos indianos, registrando 90%.
Enquanto isso, apenas 51% dos consumidores dos Estados Unidos e 52% dos residentes no Reino Unido usam pagamentos instantâneos para este fim.
Segundo a pesquisa, 51% dos brasileiros estão utilizando a tecnologia A2A para pagar compras pessoais, enquanto 24% usam para enviar dinheiro a outras pessoas e 23% para presentear.
A título de comparação, somente 20% dos consumidores norte-americanos e 17% dos compradores do Reino Unido transferem dinheiro para outras pessoas via pagamentos instantâneos.
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