CBDCs em 2022: tudo o que você precisa saber até agora!

2022 começou e os novos capítulos sobre as moedas digitais de banco central já estão sendo escritos. Entre análises de especialistas, anúncios de projetos-pilotos, lançamentos e estudos, confira o que já existe de novidade nesse universo.
CBDCs em 2022: tudo o que você precisa saber até agora!
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As moedas digitais de banco central (CBDCs na sigla em inglês) encerraram 2021 com ao menos 110 países em algum estágio de análise ou de criação segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). Desses, alguns já revelaram seus planos relacionados a uma CBDC ao longo do ano que passou. O fato é que, passado pouco mais de um mês, os primeiros capítulos sobre as CBDCs em 2022 já começaram a ser escritos. Entre recomendações de especialistas, anúncios sobre a conclusão de projetos-pilotos, e prováveis lançamentos, confira o que já movimenta esse mercado.

Primeiramente, o destaque fica para o que disse Andrew Slack em artigo publicado pelo OMFIF. Um estrategista de design de experiência do usuário da SICPA, provedor suíço líder de segurança em serviços de autenticação, afirmou ser imprescindível que as CBDCs não só preservem as características definidoras do dinheiro físico, mas também ofereçam melhorias para o consumidor.

Nessa direção, emenda, a desmaterialização do dinheiro promete desbloquear eficiências e estimular a inovação financeira. Um desses recursos é o comportamento automatizado de dinheiro em transações: a programabilidade. Seu conceito, explica, se manifesta em três camadas em uma troca de CBDC de varejo – governança, recursos programáveis e automação das transações.

Em meio a esse contexto do que precisa ser feito em relação às CBDCs em 2022, os países estão andando com seus projetos visando implementar versões digitais de suas moedas. Porém, os níveis de desenvolvimento de cada país são diferentes e com múltiplas abordagens para o tema.

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CBDC dos Estados Unidos: país está ficando para trás?

Logo no começo do ano, o mercado viu o lançamento de um relatório do Federal Reserve (FED), o banco central norte-americano, sobre o dólar digital. Apesar da expectativa, sendo, provavelmente, um dos movimentos mais esperados em relação às CBDCs em 2022, o FED manteve uma posição de neutralidade sobre a possibilidade de lançar uma versão digital do dólar enquanto outros países avançam. Lewis MCLellan, editor do Instituto Monetário Digital (DMI na sigla em inglês), comenta tal posição em artigo veiculado logo após a publicação do relatório.

Ele aponta que, de acordo com o relatório, uma CBDC deve “fornecer benefícios às famílias, empresas e à economia em geral que excedam quaisquer custos e riscos”. Nesse sentido, MCLellan destaca que, embora isso pareça um pré-requisito simples para qualquer projeto governamental, é uma tarefa mais difícil para países como os EUA do que para os mercados emergentes.

“Os Estados Unidos (EUA) já fazem uso generalizado de pagamentos digitais, então o principal benefício de sair do dinheiro físico já foi colhido. Para mercados em desenvolvimento, as melhorias imediatas são mais óbvias. Mas isso não impede que outros – Singapura, China e Europa – continuem pressionando por suas próprias razões”, avalia.

Dólar conseguirá manter papel de reserva mundial?

O FED reconhece algumas dessas razões, admitindo que emitir uma CBDC poderia ajudar a neutralizar os riscos associados à proliferação das criptomoedas ao oferecer um substituto e abordar as inadequações da rede de pagamentos internacionais. Especialmente para os EUA há a questão de proteger o papel internacional do dólar.

“Apesar de seu status como moeda de reserva mundial ser normalmente tratado como inatacável, o desenvolvimento de pagamentos transfronteiriços com CBDCs em outras regiões pode levar ao desenvolvimento de redes comerciais completamente independentes dos EUA e sua moeda”, afirma MCLellan.

Dessa forma, ele alerta que essa inação dos EUA, permanecendo politicamente e culturalmente relutantes em lançar a sua CBDC “pode ser prejudicial à sua posição internacional”. O argumento básico é que o resto do mundo tomará suas próprias decisões sobre como processar pagamentos, deixando os EUA de fora, o que representa um risco ao país.

Aliás, o Bank of America também se posicionou sobre a questão. Em nota, os analistas do banco disseram que “as CBDCs são uma evolução inevitável das moedas digitais de hoje. Além disso, “preservar o status do dólar como moeda de reserva mundial, melhorar pagamentos internacionais e aumentar a inclusão financeira podem ser observados como potenciais benefícios oriundos de uma moeda digital norte-americana”, apontaram os analistas do banco.

Para eles, apesar dos riscos elencados pelo FED, tais ameaças podem ser diminuídas pelas escolhas de design da CBDC. Ademais, o Bank of America analisou ainda que antes de emitir uma CBDC devem ser levados em conta “a proteção de privacidade, intermediação, transferência e verificação de identidade”.

CBDCs em 2022 na China e o teste das Olimpíadas

Do outro lado do mundo, mais um capítulo em relação às CBDS em 2022 começa a ser escrito pela China em movimento contrário ao dos EUA: o projeto de CBDC avança rápido em 2022.

Além de o Banco Central chinês ter dito que sua CBDC, o yuan digital, capturou o equivalente a US$ 8,3 bilhões nos últimos seis meses, a moeda digital chinesa será o meio de pagamento oficial para a edição de 2022 das Olimpíadas de Inverno de Pequim. Nesse sentido, os atletas receberão, inclusive, luvas de esqui e relógios contendo NFC para poderem realizar pagamentos.

Outros sinais do progresso da CBDC da China viram do anúncio do WeChat, um dos maiores aplicativos de mensagens do país, de que começará a aceitar pagamentos em yuan digital por meio de sua carteira digital. Ao mesmo tempo, a autoridade monetária chinesa já lançou sua carteira digital de yuans nas lojas de aplicativos do Google e da Apple na China.

Coreia do Sul conclui primeira fase de testes de uma CBDC

Também mostrando o avanço das CBDCS em 2022 na Ásia, temos a Coreia do Sul. No fim de janeiro, o país anunciou a conclusão da primeira fase de seu teste de CBDC. Nesse primeiro momento, o Banco da Coreia analisou as funções básicas da moeda, usando um ambiente de simulação para estudar sua fabricação, emissão e distribuição. A conclusão foi que o dinheiro digital “funciona normalmente”, de acordo com relatório direcionando ao mercado.

Agora, a autoridade monetária avisa que partirá para analisar a implementação de funções adicionais, como pagamentos offline e aprimoramento de proteção pessoal. Contudo, alertou que serão necessários mais experimentos para ver se uma CBDC será tão eficaz fora da simulação.

Em seguida, assim que a segunda fase do estudo terminar, em junho, o banco disse que avaliará o projeto e continuará realizando experimentos de usabilidade com a ajuda de instituições financeiras.

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Tailândia adia projeto-piloto para o fim do ano

Diferente da Coreia do Sul, a Tailândia resolveu adiar a fase de teste de sua CBDC até o fim de 2022, mas o Banco da Tailândia não deixou clara a razão do atraso. De qualquer forma, a intenção do projeto piloto é analisar o uso de uma CBDC como complemento e alternativa às transações em dinheiro dentro de uma base limitada.

A expectativa é de participem algumas instituições financeiras e cerca de 10 mil usuários testando a CBDC tailandesa em operações online e offline, a exemplo depósitos, saques e transferências.

No cenário das CBDCs em 2022, Japão estuda moeda para a Oceania

Enquanto isso, o Japão, iniciou uma pesquisa para saber se as CBDCs podem funcionar em quatro estado insulares do Pacífico. O experimento, que está sendo conduzido pela fintech japonesa Soramitsu, integra uma parceria multilateral de desenvolvimento mais ampla entre o Japão e 18 governos da Oceania.

Durante o trabalho, serão avaliados os riscos e benefícios potenciais da introdução de CBDCs e outros ativos digitais. A parceria também avaliará os atuais sistemas de pagamentos de atacado e varejo em Fiji, Vanuatu, Ilhas Salomão e Tonga.

A saber, esse plano de ação conjunta a fim de fortalecer os laços do Pacífico foi adotado ainda no ano passado, em julho, na 9ª Reunião de Líderes das Ilhas da região. De acordo com o plano, o Japão se comprometeu a “explorar uma possibilidade de cooperação na área de infraestrutura financeira”.

Dentro desse contexto, a Secretaria do Gabinete japonês contratou, então, a consultoria japonesa NTT Data Institute of Management Consulting, que por sua vez contratou a Soramitsu para entregar o estudo sobre a CBDC.

Israel e Suíça também trazem novidades

Outro país que avança no cenário das CBDCs em 2022 é a Suíça. Nos primeiros dias do ano, o Banco Nacional da Suíça (SNB) anunciou que aprovou uma série de transações envolvendo a moeda digital de banco central de atacado, resultado de testes bem-sucedidos.

Nesse processo, o SNB disse que os tokens digitais foram integrados aos sistemas e processos de back-office de cinco bancos comerciais durante a segunda fase do Projeto Helvetia, uma iniciativa multifásica do órgão regulado com o Hub de Inovação do Banco de Compensações Internacionais (BIS), cuja missão é identificar tendências em tecnologia que afetam os bancos centrais.

Participa ainda do projeto a SIX, a operadora de infraestrutura financeira, criada para explorar como os bancos centrais poderiam oferecer liquidação em dinheiro do banco central com tokens de ativos financeiros baseados em tecnologia de registros distribuídos (DLT na sigla em inglês) DLT, com foco em questões operacionais, legais e políticas.

O resultado é fruto de um experimento empreendido ao longo do quarto trimestre de 2021, com o intuito de explorar a liquidação de transações interbancárias, de política monetária e transfronteiriças.

Já em Israel, os formuladores de políticas monetárias ampliaram o escopo de sua pesquisa para o lançamento do shekel digital, enquanto o país luta para evitar ficar atrás de outras nações diante do cenário projetado para as CBDCs em 2022. No entanto, o lançamento de uma CBDC é teórico por enquanto, pois o país ainda possui questionamentos sobre o custo do token e seu impacto no sistema bancário permanecem.

Até então, a autoridade monetária havia realizado experimentos usando o Ethereum, assim como planeja mais estudos para avaliar a viabilidade de diversos tipos de moeda digital, segundo informou Yoav Soffer, chefe do projeto do shekel digital do banco.

Índia prevê moeda digital para abril

Há um bom tempo envolvida nas discussões sobre a emissão de uma moeda digital sem, no entanto, tomar uma posição mais concreta, a Índia finalmente sinalizou uma data para o lançamento de uma CBDC.  De acordo com a ministra das finanças, Nirmala Sitharaman, em seu discurso sobre orçamento no início de fevereiro, o Reserve Bank of India, o Banco Central indiano, planeja o lançamento a partir de 1º de abril, à medida que também busca aproveitar novas tecnologias a fim de tornar as transações mais eficientes.

A ministra destacou ainda que a emissão de uma rúpia digital dará início a um gerenciamento de moedas mais barato e eficiente. Nesse sentido, ela disse que o Reserve Bank of India tem trabalhado em uma estratégia de implementação em fases, que poderia reduzir a dependência do país em dinheiro.

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CBDCs no foco do Hub de Inovação do BIS em 2022

Como ao fim de 2021, diversos países anunciaram planos referentes a moedas digitais de banco central, com o intuito de auxiliar bancos centrais em todo o mundo a compreender e atuar no universo dos ativos digitais, o Hub de inovação do BIS focará em CBDCs em 2022. A iniciativa contempla ainda DeFi, Finanças Verdes, pagamentos de última geração, tecnologia regulatória e de supervisão de segurança cibernética.

De acordo com a entidade, 2022 também marca uma nova fase na expansão do Hub de Inovação, com os primeiros projetos nos centros de Londres e do Norte da Europa; a esperada abertura dos centros do Eurosystem e de Toronto; assim como o avanço da parceria estratégica com o Federal Reserve System.

“Com uma rede expandida e novos projetos, o Centro de Inovação do BIS encontra-se, agora, em uma posição mais sólida no sentido de inovar de maneira sustentável, usufruindo dos benefícios da tecnologia digital, olhando para o interesse público e trabalhando em cooperação com a comunidade de bancos centrais, a academia e o setor privado”, afirmou o gerente geral do BIS, Agustín Carstens, em comunicado à imprensa.

Conforme disse, as melhorias nos sistemas de pagamentos e as CBDCs são áreas de exploração do banco, totalizando 13 dos 17 projetos que estavam em curso no ano passado ou serão lançados em 2022. “Isso reflete os interesses e prioridades dos bancos centrais membros do BIS”, destacou.

Enquanto os hubs de inovação e apoio do BIS vão amadurecendo, os países seguem se movimentando e a tendência é tal suporte acelerar o processo. Além dos casos mencionados, outros que exemplificam os avanços de CBDCs em 2022 são a Jamaica, que acena para o lançamento de uma CBDC em 2022; assim como o México, que confirmou a sua moeda digital para 2024; a Rússia, que pretende iniciar um piloto do rublo digital nos primeiros meses de 2022; e o Cazaquistão, que avisou que concluiu um protótipo de uma plataforma digital e avalia se lançará uma CBDC até o fim de 2022.

Ainda dentro do panorama das CBDCs em 2022, vale ressaltar o interesse dos países africanos em também lançar suas versões. Entre eles, Gana, Tanzânia, África do Sul, Zimbábue Namíbia, Tunísia, Ruanda, Marrocos, Egito e Quênia. Outros destaques são Austrália, Bahrein, Brasil, Camboja, Canadá, Chile, Haiti, Ilhas Maurício, Líbano, Palau, Peru, Turquia e União Europeia.

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