Um estudo realizado no início de 2022 pela empresa de pesquisas Morning Consult revelou que menos de um terço dos norte-americanos comuns já ouviram falar de finanças descentralizadas (DeFi). Além disso, a compreensão sobre os demais termos relacionados ao universo das criptomoedas, que estão moldando o futuro dos serviços financeiros, também é insuficiente. Entretanto, embora o nível de desconhecimento ainda seja elevado, os Estados Unidos (EUA) estão em melhor situação que o Brasil, conforme outro estudo divulgado no fim de 2021.
De acordo com o levantamento, aproximadamente 291 milhões de norte-americanos (ou 87% da população) ainda não possuíam criptomoedas até 2021, e a conscientização sobre DeFi entre os não proprietários é limitada a cerca de 90 milhões de pessoas, revelando, dessa forma, um longo caminho a percorrer.
Além disso, o estudo da Morning Consult também identificou que o nível de conhecimento das moedas digitais de banco central (CBDCs na sigla em inglês) e da Web3 é ainda menor – 30% e 21%, respectivamente – entre os não proprietários de criptomoedas. A saber, a web3 representa uma próxima etapa da internet, com a proposta de unir a descentralização e conteúdos gerados pelos usuários em blockchain.
Contudo, a revelação mais positiva da pesquisa foi que 91% dos norte-americanos já ouviram falar de criptomoeda, uma porcentagem expressiva da população do país. Porém, apenas 19% possuem alguma.
Conforme a consultoria, o levantamento foi feito entre os dias 16 e 23 de fevereiro de 2022, incluindo pouco mais de 4.400 entrevistados adultos baseados nos EUA.
Criptomoeda, Defi e o futuro da vida financeira
Para Charlotte Principato, analista de serviços financeiros da Morning Consult, a criptomoeda não é apenas a base sobre a qual a DeFi e a Web3 são construídas, mas a porta de entrada para a familiaridade com esses e outros conceitos relacionados à criptografia. “À medida que a adoção de criptomoedas cresce, o aumento da conscientização sobre essas ideias seguirá”, avalia.
Tanto que os proprietários de criptomoedas são duas vezes mais propensos do que quem não as possui a ter ouvido falar de Defi e Web3, afirma. Dessa forma, Principato considera ser imperativo que os provedores de serviços financeiros comecem a pensar além das transações com criptomoedas, dando atenção à progressão natural desses outros conceitos.
Até porque, “o futuro da vida financeira dos consumidores consistirá em finanças tradicionais (centralizadas) e descentralizadas e, embora eles não estejam amplamente cientes de termos como DeFi e Web3 agora, as bases já estão sendo lançadas para uma forte adoção de um futuro descentralizado”, analisa. Em outras palavras, significa que ocorrerá a “descentralização” de suas carteiras por meio do uso de múltiplos provedores (incluindo fintechs), no sentido de buscar novas formas de melhor gerenciar suas finanças e, mais importante, o investimento em criptomoedas.
Ainda de acordo com ela, vale ressaltar que, nesse sentido, a pesquisa descobriu que 40% dos entrevistados concordaram que existe uma falta de inovação nos serviços financeiros tradicionais e esses consumidores estão diversificando ativamente os provedores financeiros que usam. Além disso, Principato conclui que “usar produtos de vários fornecedores oferece um serviço superior e é mais econômico do que trabalhar com apenas um”.
No entanto, diz, apesar desse comportamento de descentralização das carteiras, ainda é cedo para ver a adoção generalizada do DeFi, mas a hora de acompanhar as mudanças é agora ou corre-se o risco de ficar para trás.
Conhecimento sobre criptomoeda é menor no Brasil
Enquanto o estudo da Morning Consult revelou que 91% dos norte-americanos já ouviram falar de criptomoeda, outra pesquisa, divulgada no fim de 2021, descobriu que 99% dos brasileiros não conseguem passar em um questionário que avalia conhecimentos básicos acerca desse tipo de ativo. O estudo, foi conduzido pela a YouGov e divulgado pela CryptoLiteracy.org, plataforma que promove a educação do consumidor sobre moedas digitais.
Nos EUA, essa mesma pesquisa aponta que quatro em cada dez norte-americanos entrevistados não conseguiram responder a mais da metade das perguntas, optando pela resposta “não sei”. Contudo, eles demonstraram um desempenho melhor do que os brasileiros, com três em cada dez respondendo corretamente a um terço das questões.
O levantamento, com 17 perguntas sobre o universo dos criptoativos, abordou não só criptomoeda, como também DeFi, blockchain, mineração, tipos de carteiras digitais e NFTs.
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