Ao contrário de outros países, onde os ativos criptográficos já encontram maior receptividade dos governos e já caminham em direção a uma regulação, o cenário ainda é incerto nos Estados Unidos.Contudo, algumas novidades podem finalmente dar impulso ao mercado cripto, como o recente lançamento de ETFs de bitcoin.
Os ETFs (sigla em inglês para fundos de índices negociados) foram aprovados em janeiro de 2024 pela Comissão de Valores Mobiliários dos EUA, a SEC. Esses fundos estavam sendo bastante aguardados por investidores e fãs de criptomoedas há um bom tempo.
Isso porque esses fundos são indicados como uma opção relativamente mais fácil e segura de aplicar recursos em criptomoedas, o que pode atrair um público maior para o universo cripto, sobretudo, investidores institucionais.
Vale lembrar que mesmo sendo a maior economia global e um dos mercados mais potentes de criptomoedas do mundo, os EUA ainda não possuem regras específicas para o setor e o debate permanece no estágio inicial.
Até então, o que existe são algumas ações pontuais e descoordenadas de órgãos regulatórios distintos. As mais recentes são do Conselho de Presidentes do Federal Reserve (FED), da Corporação Federal Asseguradora de Depósitos (FDIC na sigla em inglês) e do Escritório de Controladoria da Moeda (OCC na sigla em inglês).
Em novembro de 2023, essas instituições divulgaram uma política conjunta centrada nos criptoativos destacando os riscos potenciais para o sistema financeiro em geral. Em contrapartida, o Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados dos EUA aprovou, em julho do mesmo ano, dois projetos de lei visando a regulação cripto no país.
O que são e como vão funcionar os ETFs de bitcoin
De acordo com a SEC, os ETFs recentemente autorizados são os primeiros fundos comercializados em bolsa nos EUA por meio de um provedor de investimentos regulamentado que acompanham o valor à vista da bitcoin.
Antes dessa decisão, os ETFs eram negociados em contratos futuros dessa criptomoeda e vendidos na bolsa de Chicago. . Porém, com o custo elevado, eles sempre tiveram baixa atratividade, segundo alguns analistas de mercado.
Por outro lado, os novos ETFs de bitcoin com preço à vista poderão ser disponibilizados em outros mercados no país, a exemplo das bolsas Nasdaq e de Nova York.
Dessa forma, esses ETFS se configuram como um ponto de inflexão para o bitcoin, oferecendo uma maior exposição a essa criptomoeda sem que seja necessário possui-la diretamente.
Portanto, a iniciativa pode resultar em um acesso mais amplo ao mercado cripto, visto que esses ativos são considerados mais acessíveis e atraentes pelo mercado. Ao mesmo tempo, isso também valida a importância da bitcoin no setor financeiro norte-americano.
Ao todo, foram aprovados 11 pedidos de emissão desses ativos, mediante avisos de autoridades e órgãos de defesa do consumidor de que esses produtos apresentam riscos.
Entretanto, mesmo com a autorização, a SEC permanece cautelosa devido à volatilidade das criptomoedas, e seu presidente, Gary Gensler, afirmou à imprensa local que o órgão regulador não tinha o objetivo de endossar a bitcoin.
Apesar da simplificação da aplicação e da segurança que se atribui aos ETFs, eles ainda estão sujeitos a grandes oscilações de preços dependendo do comportamento do mercado, havendo riscos de grandes perdas.
Caminho para inovação?
Ainda de acordo com o presidente da SEC, os novos ETFs de bitcoin deverão contar com garantias extras de proteção a investidores, uma vez que sua emissão se dará em ambientes regulados de comercialização.
Por conta disso, vários especialistas declararam, conforme a imprensa norte-americana, que esses produtos financeiros podem abrir espaço para a inovação no setor, mediante o lançamento de outros produtos atrelados a outras moedas digitais.
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