Identidade digital vinculada a pagamentos ressignifica experiência do consumidor

A combinação de identidade com tecnologia é o que integra a identificação digital do usuário ao universo bancário e de pagamentos digitais, onde a necessidade de validação de dados pessoais é uma demanda crescente.
Identidade digital vinculada a pagamentos ressignifica experiência do consumidor
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Equipe Propague
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Nos últimos anos, a identidade digital, assim como outros termos, vem ganhando espaço no debate sobre o futuro do mercado de pagamentos e bancário. Afinal, a inovação tecnológica avançou tão rapidamente, principalmente depois da pandemia, que o setor financeiro precisou acompanhar e oferecer soluções menos burocráticas, remotas e cada vez mais práticas e seguras.

Sem esquecer também a chegada do open finance, especialmente no Brasil, onde o sistema de finanças abertas, criado para simplificar e agilizar a movimentação e a migração de dados do consumidor, considerando diferentes plataformas de pagamento, se consolidou mais depressa do que em outros países.

De modo que leitura biométrica, reconhecimento facial, documentos de identificação digital e carteiras digitais, por exemplo, deixaram de fazer parte de um futuro que se pensava ainda distante para logo estarem presentes no dia a dia da população.

Essa nova realidade só tende a funcionar de forma mais integrada e segura por meio de soluções sólidas de identidade digital, avaliam especialistas, com estas interagindo ao mesmo tempo em que as transações de pagamentos acontecem.

O que é identidade digital e como ela pode interagir com os pagamentos

Ao contrário do que muitos pensam, a identidade digital não é representada por um único documento de identificação digital. Na verdade, o conceito é mais amplo e contempla toda e qualquer forma de identidade que possibilite reconhecer um indivíduo ou empresa através de recursos e dispositivos tecnológicos.

Assim sendo, a combinação de identificação com a tecnologia é o que integra a identidade digital ao universo bancário e de pagamentos digitais, onde a necessidade de verificação e validação de dados pessoais é uma demanda crescente a fim de tornar as transações mais rápidas e seguras.

Além da segurança, quando se fala em pagamento, existem ainda muitas situações em que o preço de algo é determinado pela idade ou características do perfil do consumidor. Como, por exemplo, desconto para estudantes, para pessoas acima dos 60 anos, para determinada categoria profissional ou ainda exclusivamente para moradores de uma cidade. Aqui, a conexão da identidade ao pagamento tem um grande potencial.

Se as pessoas pudessem ter suas credenciais de identidade vinculadas digitalmente aos seus meios de pagamento, a experiência do consumidor seria levada um outro patamar, tornando-se mais simples, veloz e integrada para elas e para os comerciantes.

Ademais, os clientes não precisariam levar consigo identificação adicional e os lojistas não perderiam tempo validando a identidade de seus clientes.

É o que defendem Lucy Whitehead e Colombe Herault, respectivamente diretora global de produtos para serviços móveis e transacionais eletrônicos e gerente de experiencia de cliente da Worldline, empresa francesa da área de pagamentos, em artigo recentemente publicado na plataforma The Paypers.

Como funciona na prática?

Segundo as especialistas, para integrar a identidade digital às transações de pagamento, o consumidor precisa possuir, além de uma carteira de pagamentos digital, uma carteira de identificação digital, com ambas tendo que interagir diretamente no ponto de pagamento – seja online, na loja ou por meio de outro canal.

Porém, para que seja possível alcançar esse nível de aprimoramento na experiência do cliente, dois elementos são essenciais:

  • Primeiramente a disponibilidade de dados de identidade certificados por meio de emissores de identidade segura e certificada, conhecidos como “emissores de atributos”. Ou seja, bancos, governo ou outras entidades confiáveis; e
  • Em seguida, ter esses dados, já certificados, vinculados a uma carteira de identidade digital do consumidor, permitindo, assim, que esta seja atrelada a meios de pagamento cadastrados a uma carteira de pagamento digital de sua titularidade.

Contudo, elas explicam que, até agora, os sistemas de identidade digital têm sido tecnicamente baseados em abordagens centralizadas ou federadas, nas quais os dados são armazenados por um terceiro confiável em nome dos usuários.

Porém, existe a expectativa de implementação de abordagens mais avançadas vindas tanto de governos como dos bancos. Nesse caso, as credenciais do usuário seriam verificadas por meio de um rigoroso processo de inscrição e compartilhadas com mais cautela.

Mas como algumas credenciais são muito sensíveis, como dados biométricos, há a preocupação com o aumento de sua utilização, facilitando potencialmente a recriação de perfis, trazendo consigo riscos de segurança e de fraude.

No entanto, outras possibilidades vêm sendo pensadas, como identidade auto soberana e identidade descentralizada. Ambas, afirmam, têm a capacidade de devolver o controle dos dados aos usuários.

Desse modo, eles poderiam decidir como e que tipos de dados seriam compartilhados e, em alguns cenários, se desejariam monetizar suas informações pessoais ou não.

Identidade digital: o que já existe globalmente?

Apesar do caminho que ainda é necessário trilhar para aprimorar a experiência do consumidor via uma completa integração da sua identidade digital aos pagamentos globalmente, as executivas adiantam que já existem algumas versões e implementações de identificação digital.

Na Alemanha, por exemplo, a data de nascimento do usuário é codificada no chip de um cartão de crédito/débito para validar a idade em máquinas automáticas de venda de cigarros. Enquanto em New South Wales, Austrália, a carteira de habilitação, comprovante de idade e registros médicos estão todos vinculados à carteira de identidade digital do estado mantida no smartphone do usuário.

Na Suécia, por sua vez, é possível usar o número de identidade pessoal sueco emitido pela Agência Tributária Nacional e suas credenciais bancárias por meio do BankID e, através do aplicativo Swish, assinar contratos e acessar serviços públicos digitais, além de fazer pagamentos. Devido ao Swish e à cooperação entre vários dos grandes bandos, o uso de dinheiro na região diminuiu significativamente.

Já na Índia, 99,9% dos adultos são identificados por meio do Aadhaar, um sistema de identificação nacional com segurança biométrica, podendo ser utilizado para inscrição em serviços de telecomunicações e bancários.

Ao passo que no âmbito da União Europeia, a iniciativa eIDAS (sigla em inglês para Identidade digital europeia e serviços confiáveis) visa trazer um ecossistema padrão de identidade digital para todos os 27 estados membros, abrangendo vários casos de uso, desde a abertura de uma conta bancária até o aluguel de um carro com carteira de habilitação móvel.

Além disso, também se aplicará a processos de autenticação forte para o início de transações no campo dos serviços de pagamento.

 

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