O 5G – evolução na transmissão de dados móveis com baixa latência, ou seja, tecnologia que garante baixo tempo de resposta entre o servidor e o dispositivo – fez seu primeiro aniversário de operação no Brasil em julho, renovando o interesse sobre o quanto já avançou e o que pode entregar para o setor financeiro. Em termos de potencial, a expectativa é grande. Há registros de que a tecnologia pode ser até 20 vezes mais rápida que o 4G e que pode conectar 1 milhão de aparelhos por quilômetro quadrado. Para efeito comparativo, o limite do 4G é de 10 mil dispositivos.
5G e fintechs: onde estão as oportunidades?
Essas características representam grandes oportunidades para fintechs ao garantir dois aspectos fundamentais de uma experiência positiva no digital: velocidade e estabilidade. O 5G permite, por exemplo, expansão da atuação em internet das coisas: possibilidade de realizar transações em produtos como relógios, geladeiras e carros smart. Apesar desse tipo de solução já existir, seu crescimento é limitado pela qualidade da rede no país, que dificulta a conexão de múltiplos aparelhos ao mesmo tempo e é lenta e instável em ambientes remotos e muito cheios, justamente pontos que o 5G promete corrigir.
A expectativa também é de que o 5G permita que fintechs desenvolvam sistemas de segurança mais complexos e eficientes, um tipo de evolução de mercado cada vez mais importante em meio ao crescimento exponencial de fraudes. O problema chegou ao ponto de, no 1º trimestre de 2023, o Brasil ter registrado 2,8 mil tentativas de fraude por minuto. Ainda, a maior capacidade de processamento de informações deve aumentar a capacidade das fintechs de personalizar a experiência do cliente. Este já um diferencial dessas empresas no mercado, mas é esperado que o 5G otimize e leve tais funcionalidades a um novo patamar.
Ao oferecer acesso à rede, o 5G possibilita que elas possam eventualmente usá-la para fazer transações financeiras digitais. Assim, cabe às empresas, sabendo dessa possibilidade, pensar em formas de atender as necessidades específicas desse público para convertê-los como clientes.
De forma mais indireta, as fintechs também podem se beneficiar da expansão da cobertura de internet associada ao 5G: uma das condições da concessão da tecnologia foi a obrigatoriedade de instalação em áreas do país digitalmente excluídas, de modo que é esperado um aumento do universo potencial de clientes. Esse movimento vai incluir pessoas antes desconectadas e que, portanto, não podiam consumir produtos financeiros digitais. Ao oferecer acesso à rede, o 5G possibilita que elas possam eventualmente usá-la para fazer transações financeiras digitais. Assim, cabe às empresas, sabendo dessa possibilidade, pensar em formas de atender as necessidades específicas desse público para convertê-los como clientes.
Sinais de alerta na expansão do 5G: quais pontos pedem atenção das fintechs?
No entanto, é importante ser realista sobre a implementação do 5G no país. Além do cronograma originalmente estabelecido pela ANATEL ir até 2028 – sendo que a China e outros países já começam a falar em 6G –, a falta de infraestrutura jurídica e material pode atrasar ainda mais esse processo. Olhando para os dados, após 1 ano de operação, a ANATEL reportou que o 5G chegou a 30% dos municípios e 8 milhões de brasileiros. Também há relatos de instabilidade e concentração no Sudeste, mesmo com instalação já registrada em todas as regiões. Além da questão de alcance, o alto custo dos dispositivos compatíveis com 5G pode dificultar o acesso aos que precisam ser incluídos financeiramente além de digitalmente, podendo minimizar o impacto esperado para as fintechs.
Apesar das dificuldades, vale dizer que os dados da ANATEL também mostram que o avanço do 5G está sendo mais rápido do que foi o do 4G: o primeiro levou 9 meses para alcançar 8 milhões de brasileiros, o último levou o dobro do tempo. Da mesma forma, o aumento de aparelhos compatíveis, que já ultrapassou 100 modelos, pode barateá-los. Assim, fintechs que estiverem preparadas para aproveitar oportunidades criadas pela tecnologia podem sair na frente na corrida por novos clientes e produtos que a tecnologia tem o potencial de atrair e impulsionar.
Bruna Cataldo é pesquisadora do Instituto Propague e doutoranda em economia pela UFF.
@instpropague O 5G é importante para as fintechs? #tecnologia #5g #fintech #fintok ♬ som original – Instituto Propague
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