Pagamentos transfronteiriços na Área da Grande Baía: desafios e soluções tecnológicas

A Área da Grande Baía (GBA) é uma região com grande relevância econômica e comercial na China e em toda a Ásia. Por isso, Hong Kong está empenhada em garantir sistemas de pagamentos transfronteiriços eficientes, apostando, inclusive, em tecnologias emergentes, como blockchain, inteligência artificial e Big Data.
Pagamentos transfronteiriços na Área da Grande Baía: desafios e soluções tecnológicas
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Equipe Propague
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A Área da Grande Baía (GBA) é uma região de grande importância econômica e comercial que engloba diversas cidades e territórios na China continental, bem como Hong Kong e Macau. Com uma população de aproximadamente 87 milhões de pessoas, é considerada uma das maiores e mais dinâmicas áreas econômicas do mundo, sendo, assim, um ponto potencial para explorar tecnologias de pagamentos transfronteiriços.

Naturalmente, a região é um importante hub para o comércio internacional, tendo em vista a sua proximidade com o continente asiático, sua conexão direta com outros mercados globais e sua grande concentração de indústrias e serviços de alta tecnologia.

Nesse contexto de crescimento do comércio e integração das regiões que compõe a GBA, a modernização dos pagamentos transfronteiriços vem ganhando atenção por parte das autoridades locais e das empresas que operam nessa área.

Um documento que atesta essa realidade foi publicado, no dia 14 de março de 2023, pelo Instituto de Pesquisa Monetária e Financeira de Hong Kong (HKIMR), braço de pesquisa da Academia de Finanças de Hong Kong (AoF).

O novo relatório, intitulado “Sistemas de Pagamento e Liquidação Transfronteiriços na Área da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau: Práticas Atuais e Desenvolvimentos Recentes”, estuda o status atual dos sistemas de pagamentos e liquidações dentro da GBA, fornecendo uma visão geral do desenvolvimento recente da infraestrutura do mercado financeiro, destacando oportunidades e desafios.

Os pagamentos transfronteiriços na GBA: plataformas multimoedas e multidimensionais

Quando se trata da execução de operações de liquidação e compensação para além das fronteiras, alguns fatores podem se tornar barreiras para o bom funcionamento de pagamentos internacionais. Além da convergência com diferentes instituições financeiras e jurisdições, incompatibilidade de padrões de dados e tecnologia fragmentadas, infraestruturas lentas e longas cadeias de transações podem dificultar o comércio transfronteiriço.

Além disso, os altos custos e a baixa velocidade de transferência de fundos através das fronteiras e a falta de transparência sobre o status e o resultado das transferências de fundos, também, precisam ser enfrentados.

Para saber mais sobre Pagamentos Internacionais, clique aqui.

Assim, para dar conta desses desafios de conectar Hong Kong ao resto da GBA, Hong Kong desenvolveu um conjunto de sistemas de pagamento e compensação multicurrency (multimoedas) e multidimensionais que estão conectados com a infraestrutura do mercado financeiro de outras cidades da Área da Grande Baía para apoiar serviços financeiros transfronteiriços.

Na ponta do sistema, os provedores de serviços financeiros implementaram vários métodos de pagamento de varejo, por exemplo, um serviço de pagamento eletrônico transfronteiriço de contas permite que os clientes em Hong Kong efetuem pagamentos de contas para comerciantes em Guangdong.

Em seguida, na parte menos visível, os sistemas de liquidação de dinheiro em Hong Kong, nomeadamente o Clearing House Automatic Transfer Systems (CHATS), estão ligados ao restante da Área da Grande Baía para liquidar remessas transfronteiriças. Essas ligações garantem a troca suave de bens e serviços através da fronteira.

Tecnologias emergentes podem beneficiar os pagamentos transfronteiriços na GBA

Para otimizar o funcionamento desse sistema de pagamentos transfronteiriços, o uso de tecnologias emergentes tem sido a solução para melhorar a infraestrutura do mercado financeiro de Hong Kong e fortalecer a integração financeira dentro da Área da Grande Baía. Essas tecnologias incluem blockchain, carteiras eletrônicas, inteligência artificial (IA), tecnologias de big data (BD), tecnologias de identidade digital e técnicas de compartilhamento de dados.

De acordo com relatório, a blockchain pode melhorar os serviços financeiros transfronteiriços garantindo a precisão e rastreabilidade dos dados registrados, enquanto as carteiras eletrônicas são uma tecnologia de baixo custo que aumenta a acessibilidade dos pagamentos transfronteiriços, com algumas dessas carteiras eletrônicas, inclusive, sendo usadas para compras e refeições em cidades da Grande Baía fora de Hong Kong.

A tecnologia blockchain, inclusive, já está sendo testado na região por meio do projeto CBDC mBridge em parceria com o BIS, enquanto outras tecnologias como a IA e Big Data contam com a instalação experimental Piloto de Fintech da GBA para explorar seus casos de uso.

Já as tecnologias de compartilhamento de dados, por sua vez, se baseiam, atualmente, na plataforma Commercial Data Interchange (CDI) e nos protocolos de APIss abertas. Enquanto isso, o governo de Hong Kong lançou o iAM Smart que fornece a cada cidadão de Hong Kong uma única identificação digital e autenticação para realizar transações governamentais e comerciais online.

E essas iniciativas já estão dando resultado. De acordo com o relatório, a adoção de APIss abertas entre o setor bancário, por exemplo, aumentou de 267 instituições no primeiro trimestre de 2019 para 907 no trimestre de 2020.  Ademais, as transferências de recurso via sistemas rápidos de pagamento de Hong Kong para China saltaram de 128 bilhões, em 2018, para 2.239 bilhões de dólares de Hong Kong em 2021.

Projetos na área da GBA agradam os usuários da região

Ao apontarem quais tecnologias poderiam mudar de vez o cenário dos pagamentos transfronteiriços na GBA, uma entrevista realizada entre diversas empresas que operam na região, apontou que as tecnologias de Identidade Digital, Interface de Programação de Aplicativos Aberta (API) e Inteligência Artificial/Big Data (IA/BD) como aquelas com maior potencial.

Os entrevistados notaram que a adoção de identidade digital poderia melhorar o processo de abertura de conta e adesão remota, reduzindo os custos de conformidade com verificações AML/CFT. Os argumentos também apontam que o Open API facilitaria a troca de informações e a execução de instruções para pagamentos e liquidações transfronteiriços.

Além disso, eles acreditavam que as tecnologias de IA/BD tem um forte potencial para lidar com desafios existentes, ao simplificar verificações de conformidade, detectar atividades prejudiciais e melhorar a gestão de riscos.

 

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