O domínio da biometria está crescendo rapidamente, impactando significativamente experiências cotidianas dos indivíduos em todo o mundo. A previsão é que essa tecnologia se amplie ainda mais, especialmente nas transações de pagamento.
Segundo os especialistas em tecnologia financeira, a adoção crescente da biometria nessas operações é baseada na promessa de possibilitar uma melhor experiência do usuário sem pôr em risco a segurança.
David True, diretor comercial para Nova York da Payments Consulting Network, destaca que é fundamental ter certeza sobre a verdadeira identidade de um agente que solicita uma transação antes de aprová-la. Em artigo assinado na plataforma The Paypers, True analisa a inovação em pagamentos discutindo os casos de uso da biometria.
Além da segurança, já que o risco de fraude nunca desaparece – e deve ser minimizado –, ele acrescenta que a facilidade de uso dos métodos de pagamento é outra questão fundamental.
Segundo True, um método excessivamente complicado não será utilizado pelos agentes ou, pelo menos, não da forma correta. Nesse sentido, proteger as transações é um esforço de equilibrar, em um meio de pagamento, segurança robusta e praticidade de uso para estimular a adoção ampla do público.
A biometria entra em cena nesse cenário. Diferentemente dos métodos tradicionais de autenticação, como PINs e senhas (que provaram ser suscetíveis a violações, phishing e tentativas de hacking), dados biométricos, por outro lado, são extremamente individualizados e quase impossíveis de replicar, tornando-os uma defesa robusta contra a fraude.
Ademais, True acrescenta que o resultado da combinação da biometria com os pagamentos sem contato será algo muito poderoso e com uma infinidade de possibilidades de uso.
Como a biometria está agregando valor aos pagamentos
De acordo com o especialista, a biometria está sendo a aposta das mais diversas aplicações que contemplam pagamentos, a começar pelo comércio eletrônico e os serviços bancários digitais, oferecendo uma forma simples e segura para os consumidores verificarem a sua identidade, diminuindo a possibilidade de acesso sem autorização e de roubo de identidade.
Além desses, o mercado de cartões também entrou no jogo por meio da incorporação de sensores biométricos nos próprios cartões, eliminando a necessidade de senhas para autenticação.
Já nas transações em caixas eletrônicos, além da impressão digital, a tecnologia de varredura da íris do olho humano está sendo incorporada a fim de permitir saques sem cartão.
True explica que, nos pagamentos transfronteiriços, a autenticação via biometria poderia ajudar na realização de transferências de fundos de forma mais rápida e mais barata. Para isso, soluções de remessa biométrica que permitam enviar dinheiro com segurança usando autenticação por íris, em vez de contas bancárias, surgem como uma nova possibilidade.
Com a popularização das criptomoedas, as casas de câmbio e as carteiras que guardam esses ativos também poderiam adotar dados biométricos, como impressão digital ou digitalização facial, como parte do processo de integração e transação para maior segurança.
Ao mesmo tempo, as tecnologias de pagamento biométrico facilitam aplicações de controle de acesso, como pagamento de transporte. Com a leitura de íris vinculada a uma conta de transporte público pré-paga, é possível garantir acesso fácil e sem cartão a metrôs e ônibus.
Além disso, a biometria se aplica ao caso das máquinas de venda automática. Já existem fabricantes explorando a incorporação de scanners biométricos para permitir que os consumidores façam compras sem dinheiro nesses equipamentos através de impressão digital ou leitura da íris.
Promoção da inclusão financeira
Portanto, o que se observa, segundo True, é que o potencial da biometria nos pagamentos é vasto, oferecendo segurança, conveniência e aplicações versáteis.
Ademais, ele reforça o fato de essa tecnologia também permitir que qualquer indivíduo tenha acesso a serviços financeiros.
Isso porque, diferentemente dos sistemas bancários tradicionais, que exigem frequentemente que os indivíduos forneçam uma lista extensa de documentação e mantenham uma presença física, o que pode ser dificultoso para aqueles que vivem em regiões remotas ou onde a rede bancária é escassa, os pagamentos e outras operações amparados pela biometria, juntamente com credenciais verificáveis, podem ajudar a suprir essa lacuna.
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