Uma pesquisa recente do OMFIF aponta que os esforços de desenvolvimento das moedas digitais de banco central (CBDCs, na sigla em inglês) estão avançando. Dos bancos centrais consultados, 41% esperam ter lançado uma CBDC em até cinco anos.
Em janeiro de 2024, o Banco da Inglaterra, que regula o sistema bancário do Reino Unido, publicou um documento com respostas às principais dúvidas sobre a libra digital, o que sinaliza que o projeto está dando seus primeiros passos.
A publicação resulta de uma consulta pública sobre a nova moeda, encerrada em junho de 2023.
Em comunicado, o banco contextualiza a iniciativa ao citar o cenário econômico cada vez mais digital, no qual os meios de pagamento estão migrando rapidamente para esse formato.
Segundo a autoridade monetária, é fundamental estar atento a esse processo e garantir mais segurança aos métodos de pagamento digitais em uso no varejo. Desse modo, toda a população poderá se beneficiar enquanto é promovida a inovação nas transações de atacado.
A libra digital equivalerá à versão eletrônica do dinheiro físico em circulação na região e, assim como a moeda em espécie, sua emissão ficará a cargo do Banco da Inglaterra.
Contudo, a libra digital vai incorporar uma série de recursos e capacidades inovadoras com o objetivo de aprimorar os pagamentos. Um dos exemplos é a possibilidade de armazená-la em carteiras digitais e usá-la tanto nas lojas físicas como no comércio eletrônico.
Privacidade é alvo de questionamentos
Nas cerca de 50.000 contribuições recebidas por meio da consulta pública, a principal questão apontada sobre a moeda foi a política de privacidade.
Dessa forma, o Banco da Inglaterra assegurou que a futura legislação em torno da libra digital garantirá a privacidade dos usuários. Além disso, tanto o governo como o banco garantem que não controlarão como a população utiliza o seu dinheiro.
A autoridade monetária disse, ainda, que a expectativa do governo britânico é publicar uma lei sobre a libra digital antes de ela estar disponível para o público.
Testes e previsão de lançamento da libra digital
A prioridade do regulador é iniciar uma bateria de testes para garantir que a nova moeda funcione antes que qualquer decisão seja tomada sobre começar ou não o seu desenvolvimento.
De acordo com o governo britânico, a abordagem em torno da moeda digital precisa ser cautelosa e uma decisão sobre uma libra digital vai demorar alguns anos, podendo ocorrer em 2025 ou 2026.
CBDCs experimentam diferentes estágios pelo mundo
Enquanto no Brasil, onde o Banco Central (BC) caminha em ritmo mais rápido, o Drex (versão digital do real) já está sendo testado, cujo lançamento para o público está previsto para o final de 2024 ou início de 2025, outras grandes economias, como a União Europeia (UE), também trabalham nessa direção, porém em estágio anterior.
No caso da UE, o projeto de um euro digital comandado pelo Banco Central Europeu (BCE) ainda está em fase de preparação, iniciada em novembro de 2023.
Essa etapa, prevista para durar dois anos, envolve a identificação e seleção de fornecedores para a plataforma de apoio e infraestrutura subjacente à nova moeda, bem como a finalização dos regulamentos e do conjunto de regras por trás da tecnologia.
O BCE também vai testar e experimentar o euro digital para garantir o cumprimento dos requisitos tanto do Eurosystem como do usuário final, sendo a privacidade, a inclusão financeira e o meio ambiente citados como principais áreas de enfoque.
Enquanto isso, a China, que iniciou o desenvolvimento da sua CBDC bem antes do Brasil e da UE, ainda em 2019, já completou duas fases de testes, a segunda contemplando a viabilidade dos pagamentos internacionais.
Mais recentemente, anunciou a implementação de um parque industrial para acelerar a adoção do yuan digital. A iniciativa opera desde outubro de 2023, em Luohu, um distrito da cidade de Shenzhen, próxima a Hong Kong.
Além desses exemplos, conforme a pesquisa “Futuro dos pagamentos” divulgada pelo OMFIF, apenas 5% dos bancos centrais entrevistados lançaram uma CBDC. Outros 41% esperam lançar uma ao longo dos próximos cinco anos, enquanto 9% não têm a intenção de emitir uma moeda digital.
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