Drex: conheça a nova face do real digital e o que avançou no projeto

Com nova identidade, a moeda digital brasileira avança no seu desenvolvimento, pretendendo, ao ser lançada, democratizar uma ampla gama de serviços financeiros, como crédito, pagamentos, seguros e investimentos.
Drex: conheça a nova face do real digital e o que avançou no projeto
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Equipe Propague
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Em relação aos outros mais de 100 países que se debruçam sobre um eventual lançamento de uma CBDC (sigla em inglês para moeda digital de banco central), segundo fontes como o Banco de Compensações Internacionais (BIS) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Brasil está a alguns passos à frente. Em fase avançada de testes há alguns meses e até então apelidada de real digital, a CBDC brasileira está de cara nova e já tem nome próprio: Drex.

Segundo o Banco Central (BC), o Drex vai ser a representação virtual da moeda nacional, por meio de uma plataforma que reúne tecnologias capazes de ofertar serviços financeiros de modo bem mais eficiente e acessível a todos os brasileiros.

Dessa forma, a autoridade monetária avalia que o Drex terá o potencial de impactar positivamente a vida da população assim como fez o Pix, que permitiu democratizar o acesso a pagamentos. A CBDCD, contudo, irá além.

Isso porque, a moeda digital brasileira está sendo concebida para estender essa democratização a uma ampla gama de serviços financeiros, abrangendo crédito, seguros e investimentos, promovendo uma maior inclusão financeira.

Tudo isso, promete o BC, com mais fluidez, comodidade e, principalmente, a custo reduzido para diversas transações financeiras e contratuais comuns hoje em dia, mas muitas vezes feitas de forma burocrática e dispendiosa.

O que explica o novo nome da moeda digital brasileira e por que adotá-lo somente agora?

Embora a proposta de lançar a moeda digital brasileira, agora chamada Drex, exista desde agosto de 2020, quando se iniciaram as discussões mais operacionais, e o projeto-piloto tenha sido lançado quase três anos depois, em março de 2023, o BC afirma que sempre considerou essencial criar um nome específico para a solução.

De acordo com o Banco Central, a iniciativa visa facilitar e agilizar a comunicação com o público em geral, evitando, dessa forma, o emprego de termos técnicos – além de real digital, real tokenizado, smart contrats (contratos inteligentes), entre outros -, o que normalmente dificulta o entendimento de todos.

Assim, ainda em 2022, a autoridade monetária começou o desenvolvimento da marca Drex, o que foi possível a partir do momento em que os aspectos fundamentais do modelo escolhido para a CBDC brasileira estavam delineados.

Mas, afinal, por que Drex? De acordo com o BC, a escolha das letras tem como propósito dar um nome forte e moderno para a futura moeda digital do Brasil. As letras “d” e “r” remetem ao real digital, ao passo que o “e” vem de eletrônico e o “x” pretende passar a imagem de conexão e modernidade, tendo em vista a utilização da tecnologia DLT (Tecnologia de Registro Distribuído).

Ademais, visualmente falando, o conceito do Drex se encaixa no contexto da Agenda #BC, a agenda de modernização da qual a autoridade monetária está à frente, tendo como princípio o uso de elementos gráficos e de uma tipologia relacionados ao universo digital.

Aliás, o BC destaca que as duas setas anexadas na letra “d” do nome Drex fazem referência a uma transação financeira que evoluiu do ambiente físico para o digital, sendo a utilização das cores azul e verde a representação da mensagem de “operação concluída com sucesso”.

Como as transações financeiras vão funcionar usando o Drex?

O BC exemplifica o funcionamento do Drex por meio de uma operação de compra e venda de um veículo. Nessa situação, é comum quem está vendendo ter receio em passar o carro para o nome do comprador sem que antes receba o dinheiro. Ao mesmo tempo, quem adquire o bem teme efetuar o pagamento sem tê-lo em seu nome.

Nesse cenário, o órgão regulador explica que, com a programabilidade do dinheiro via contratos inteligentes prevista por meio do Drex, essa preocupação vai acabar, visto que a propriedade do bem é transformado em token e não importa qual das partes vá dar o primeiro passo para concretizar a transação.

Dessa forma, a operação só será concluída quando o pagamento e a transferência de propriedade ocorrerem de forma simultânea. Então, se uma das partes não cumprir o acordado, o valor desembolsado e a propriedade do veículo retornam para seus respectivos proprietários.

Assim como acontecerá na negociação de carros, o Drex também poderá ser utilizado na compra e venda de imóveis, entre outros bens. Além disso, no futuro, adianta o BC, benefícios sociais poderão ser pagos com a nova moeda digital.

E para quem estiver se questionando se o consumidor pagará para usar o Drex, o BC esclarece que o único custo que o usuário terá será o que hoje já é cobrado pelas instituições financeiras pelos serviços que prestam, obedecendo à regulação vigente e à competição entre elas. Contudo, o BC espera que o custo desses serviços para o cliente seja inferior aos atuais.

Principais casos de usos do Drex

Além de poder ser utilizado no processo de negociação de veículos e imóveis, entre outros bens, os projetos desenvolvidos até agora pelas instituições financeiras autorizadas a participar do ambiente de testes da moeda digital brasileira, resultaram em alguns casos de sucesso de uso do Drex, como:

  • Implementação de um marketplace para ativos tokenizados, ou seja, emprego do Drex e de sua infraestrutura para facilitar a tokenização e integração de ativos a uma blockchain;
  • Remessa de dinheiro para o exterior, reduzindo custos, tempo e conferindo a possibilidade de a operação ser efetuada a qualquer hora do dia;
  • Programação da moeda para financiar atividades rurais, através de uma espécie de sistema de leilão, cuja liquidação das transações ocorreria via Drex.

Outros experimentos ainda poderão ser desenvolvidos pelos participantes do programa de testes do Drex, resultando em novas possibilidades. Até porque, entre as diretrizes atualizadas para a moeda digital, está a criação de modelos inovadores, incorporando o dinheiro programável e os contratos inteligentes, viabilizando, por exemplo, liquidadação através da internet das coisas.

Para conhecer com mais detalhes as aplicações do Drex, confira nosso episódio do Cashless sobre o tema.

Como fica o Drex diante da popularidade do Pix?

Na avaliação do BC, o sucesso do Pix é incontestável. Diante disso, a autoridade monetária pretende utilizar as lições aprendidas com a implementação do seu sistema de pagamentos instantâneos para tornar o Drex uma plataforma tão popular quando o Pix, fazendo com que ele seja parte do cotidiano das pessoas.

Ambas as soluções não são excludentes, mas complementares, sendo igualmente fundamentais para a consolidação da digitalização do Sistema Financeiro Nacional (SFN).

Confira ainda CBDC no Brasil: diante do sucesso do Pix, qual o espaço do Real Digital?

Retrospectiva e em que pé está o andamento do projeto

Desde o ponta pé inicial em agosto de 2020, conforme mencionado, com discussões e ações sobre a possível emissão de uma moeda digital, bastaram nove meses para que as diretrizes do Drex, então real digital, fossem criadas.

Desde então, o BC vem acompanhando em detalhes a crescente tendência de operações financeiras realizadas em ecossistemas regidos pela tecnologia DLT na economia brasileira.

Nesse processo, o órgão regulador passou a dialogar com os setores privado e acadêmico, coordenando uma avaliação minuciosa de casos de uso em potencial do Drex, por meio de uma iniciativa batizada de LIFT Challenge.

Esta ação resultou na revisão das diretrizes do Drex em fevereiro de 2023, com os testes para transações com a moeda digital se iniciando no mês seguinte.

Já em maio, o BC publicou o regulamento dos trabalhos por meio do projeto-piloto do Drex, criando ainda o Comitê Executivo de Gestão (CEG).

Ainda no mesmo mês, obedecendo ao regulamento, o banco recebeu propostas de interessados em participar do piloto, tanto candidaturas individuais como de consórcios de instituições, somando mais de 100 instituições de vários segmentos do setor financeiro.

Considerando os critérios constantes no referido regulamento, o CEG selecionou 14 candidaturas. A saber, essa seleção inicial teve representantes de bancos públicos e privados, instituições de pagamento, cooperativas, desenvolvedores de serviços de ativos criptográficos, operadores de infraestruturas do mercado financeiro e, ainda, de instituidores de arranjos de pagamento.

Já em junho, baseado na seleção final, o BC iniciou a integração das instituições escolhidas à plataforma piloto do Drex.

A expectativa, agora, é que uma vez que todas as etapas de testes no âmbito do piloto sejam completadas, o Drex esteja disponível para a população no fim de 2024 ou início de 2025.

 

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