Yuan digital: China inova com parque industrial para promover sua moeda

Com nove empresas já instaladas, o empreendimento está em funcionamento desde outubro de 2023, e a expectativa é de que seja desencadeada uma série de efeitos colaborativos na cadeia produtiva.
Yuan digital: China inova com parque industrial para promover sua moeda
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Equipe Propague
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Sendo uma das primeiras grandes potências econômicas a ter apostado na criação de uma moeda digital, a China volta a inovar ao anunciar a implementação de um parque industrial para acelerar a adoção do yuan digital, também representado pela sigla e-CNY.

Saiba aqui o que é uma CBDC, a exemplo do yuan digital.

Segundo a imprensa local, o empreendimento está em funcionamento desde 11 de outubro de 2023, em Luohu, um distrito da cidade de Shenzhen, próxima a Hong Kong. O novo parque já começa em operação com nove empresas instaladas.

Entre essas empresas estão a Lakala Payment, a Wuhan Tianyu Information e a Hengbao. A primeira é uma processadora de transações de pagamento, parceira de grandes bandeiras de cartões, e as duas últimas fornecem, entre outros serviços financeiros, cartões de pagamento.

Ainda de acordo com os veículos de comunicação chineses, paralelamente, o governo de Luohu divulgou uma dezena de iniciativas visando fomentar a adoção do yuan digital.

Destacam-se entre as ações, o fomento de soluções de pagamento, carteiras digitais e contratos inteligentes. Nesse sentido, a expectativa é de que sejam desencadeados uma série de efeitos colaborativos na cadeia produtiva para desenvolver conjuntamente o parque.

Incentivo governamental

As companhias que desejarem ingressar no parque industrial e, assim, promover o uso do yuan digital, contam com uma série de benefícios por parte do governo. Ao todo, a administração de Shenzhen está concedendo 100 milhões de yuans, ou US$ 13,7 milhões, com esse objetivo.

Nesse contexto, os construtores locais estão recebendo incentivos como até três anos de isenção de aluguel, entre outras iniciativas.

Enquanto isso, os bancos comerciais podem ter acesso a até 20 milhões de yuans, ou US$ 2,7 milhões, para se instalar no parque, ao passo que as startups têm até 50 milhões de yuans, ou o equivalente a US$ 6,9 milhões, para a mesma finalidade.

Ao mesmo tempo, também estão sendo ofertados empréstimos a taxas competitivas para todos os participantes do ecossistema local interessados em impulsionar a utilização do yuan digital.

Transações em yuan digital

Os testes para a criação do yuan digital começaram em 2019. Após registrar um início lento, a adesão avançou rapidamente, e desde 2022, conta com 26 cidades chinesas e 5,6 milhões de comerciantes cadastrados para usar a moeda em toda a China.

Em julho de 2023, o Banco Popular da China (PBOC) divulgou que o total de transações por meio do yuan digital atingiu a marca de 950 milhões, acumulando 1,8 trilhão de yuans, ou US$ 249,9 bilhões, até o final do primeiro semestre.

Outras medidas de promoção e internacionalização da moeda

Atualmente, com mais de 260 milhões de carteiras digitais abertas por meio do aplicativo do yuan digital, o governo chinês acredita que a moeda deverá experimentar uma promoção ainda maior tanto interna como externamente nos próximos anos.

Isso porque existem vários progressos recentes nesta direção. Primeiramente, conforme noticiou a imprensa chinesa, a Cidade de Xuzhou anunciou, em abril de 2023, um plano para incorporar o yuan digital nas operações dos trens de carga com destino à Europa vinculados à Iniciativa “Rota da Seda”. Com isso, será possível pagar por serviços e taxas de armazenamento relacionados às mercadorias transportadas.

Já no mês seguinte, a Cidade de Suqian estabeleceu a meta de tornar o yuan digital o principal método de liquidação para instituições públicas locais até o final de 2025, com planos de adotar carteiras digitais em yuans para unidades orçamentárias do governo em todos os níveis.

Também em vigor desde setembro de 2023, os estrangeiros na China estão aptos a se inscrever para obter uma carteira em yuan digital utilizando o seu número de telefone internacional, podendo recarregá-la com os seus cartões internacionais e transferir o saldo da carteira de volta para as suas contas offshore.

Os usuários estrangeiros podem usar essa carteira em lojas offline que exibem sinais de aceitação de yuan digital e em plataformas chinesas populares no país.

Outra ação voltada para a internacionalização do yuan digital é o ingresso do Instituto de Moeda Digital do PBOC no projeto mBridge, capitaneado pelo Centro de Inovação do Banco de Compensações Internacionais (BIS) em parceria com outros bancos centrais dos Emirados Árabes Unidos e da Tailândia, além da Autoridade Monetária de Hong Kong.

Por fim, vale lembrar que, em 2021, China e Hong Kong lançaram um programa piloto para a utilização transfronteiriça do yuan digital.

 

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