Stablecoins têm alta global na movimentação, incluindo o Brasil

Com volume transacionado superior a US$ 7,4 trilhões em todo o mundo em 2022, as stablecoins ganham cada vez mais a atenção do mercado.
Stablecoins têm alta global na movimentação, incluindo o Brasil
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Equipe Propague
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Segundo relatórios recentes, as stablecoins estão conquistando mais espaço no mercado de criptoativos em todo o mundo, com movimentos significativos também registrados no Brasil.

Saiba aqui o que são stablecoins e como elas se diferenciam das criptomoedas

Conforme publicação da Agência EY, um relatório da plataforma CoinMarketCap informa que o volume de transações envolvendo stablecoins atingiu cerca de US$ 7,4 trilhões em todo o mundo em 2022, representando acréscimo de 23% em relação ao ano anterior.

Ainda de acordo com a publicação, mesmo com uma diminuição na quantidade negociada em 2023, não se pode deixar de destacar a relevância desses criptoativos no mercado digital global. Nesse cenário, a Tether (USDT) mantém o protagonismo como a maior stablecoin do mundo.

Já olhando para o Brasil, outro relatório, da Receita Federal, que desde 2019 acompanha mensalmente esse mercado, aponta crescimento significativo no uso das stablecoins.

Assim como internacionalmente, a USDT também puxa as negociações no Brasil. Segundo a Receita, a moeda acumula volume transacionado acima de R$ 271 bilhões no período analisado. O valor equivale a quase o dobro do total contabilizado pela Bitcoin em igual intervalo de tempo – pouco mais de R$ 151 bilhões.

As duas stablecoins mais negociadas em território nacional, de acordo com a Receita, são a USDT e a USD Coin (USDC) possuem paridade com o dólar dos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, a Brazilian Digital Token (BRZ), que possui paridade com o Real, também se destaca entre as stablecoins mais movimentadas no Brasil.

Na avaliação do órgão, essa mudança de perfil das criptomoedas negociadas no país, com as stablecoins superando o Bitcoin e outras criptomoedas não-lastreadas, pode ser um reflexo do novo contexto regulatório e tributário desse mercado em âmbito nacional.

Proteção contra a volatilidade é principal atrativo

Em sua publicação, a Agência EY atribui o aumento das transações com stablecoins ao fato de elas representarem uma alternativa à alta volatilidade das demais criptomoedas.

As stablecoins ajudam, ainda, a impulsionar a liquidez do mercado de criptoativos em sua totalidade. Isso porque as que possuem lastro em moedas fiduciárias como dólar, real ou euro, permitem ao usuário converter seus recursos com maior facilidade.

Assim, ao invés de trocar criptomoedas como Ether ou Bitcoin, por exemplo, por dinheiro físico, é possível substituí-las por stablecoins com lastro em dólar ou qualquer outra moeda fiduciária, relata a publicação.

Na prática, o que acontece com moedas digitais lastreadas é: no caso de uma stablecoin lastreada na moeda norte-americana, como a USDT, por exemplo, cada token guarda US$ 1 em suas reservas na respectiva blockchain, visto que a equivalência é de um para um. Portanto, isso garante que uma USDT sempre valerá US$ 1.

Pagamentos transfronteiriços podem impulsionar as stablecoins?

Outro aspecto que parece contribuir para o aumento das transações com stablecoins é a sua utilização nos pagamentos internacionais, tópico que já ocupa há algum tempo o debate.

Autoridades monetárias, como o Banco de Compensações Internacionais (BIS), reconhecem que, diferentemente dos sistemas de pagamentos domésticos, que evoluíram rapidamente nas últimas décadas, os pagamentos transfronteiriços permaneceram lentos, caros, sem transparência e de difícil acesso para muitos usuários em diversos casos.

Por essa razão, as moedas digitais como as stablecoins estão sendo tratadas como possível alternativa para transações além-fronteiras mais ágeis e a custos mais baixos.

Contudo, o BIS considera que o debate em torno da utilidade das stablecoins para pagamentos internacionais ainda está longe de uma conclusão, sobretudo devido às recentes turbulências nos mercados de criptoativos e às posições das diferentes jurisdições em relação à sua aceitação.

Dessa forma, o Comitê de Pagamentos e Infraestruturas de Mercado (CPMI) do BIS vem trabalhando nessa questão e lançou um relatório com considerações para a utilização de acordos de stablecoins com a finalidade de estruturar melhor esse debate.

A publicação destaca uma série de oportunidades e desafios relacionados ao tema, concentrando-se especificamente nas stablecoins denominadas ou indexadas em moeda fiduciária.

O trabalho analisa, ainda, como os acordos em stablecoins podem interagir e coexistir com outros métodos de pagamento, além de avaliar o impacto potencial da sua utilização na política monetária, na estabilidade financeira e nas funções de pagamento dos bancos centrais.

Ademais, reconhece que ainda não existem acordos de moeda estável que sejam considerados adequadamente concebidos e regulamentados, bem como totalmente compatíveis com todos os requisitos regulamentares relevantes.

Por fim, mesmo que tais acordos existissem e pudessem ajudar a resolver fricções específicas de pagamentos transfronteiriços, o BIS afirma que eles poderiam não ter necessariamente um impacto positivo nas transações internacionais, uma vez que as desvantagens poderiam superar benefícios potenciais.

 

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