As ETFs temáticas se tornaram alternativas importantes de investimento e a Ásia tem seguido de perto essa tendência. Esse tipo de ativo chama a atenção principalmente dos investidores que buscam apostar ou impactar um tipo específico de mercado.

O que é ETF? 

ETF é a sigla para exchange-traded fund ou, em português, fundo de índice. Esse tipo de produto financeiro representa o desempenho de um determinado grupo de ativos e são negociados em bolsas de valores.

As ETFs mais populares são as que espelham índices de ações, como Ibovespa e DownJones, mas elas também podem refletir índices selecionados por temas.

ETFs temáticas representam indicadores mais restritos, geralmente selecionados por áreas ou setores. Alguns exemplos são aqueles ligados à criptomoedas selecionadas, governança e sustentabilidade, à inovação e tecnologia, à responsabilidade social ou às ETFs ligadas ao setor de semicondutores.

Atualmente, os destaques em ETFs temáticas têm sido justamente os ligados à megatendências do futuro global, principalmente questões de mudança climática e escassez de recursos, demografia e mudança social, riqueza global emergente, urbanização e tecnologia, dentre outros.

Megatendências globais

Entre as áreas preferidas pelos entrevistados na pesquisa do Brown Brothers Harriman  sobre ETFs temáticas, apareceram os setores de internet, tecnologia, ESG, ativos digitais e inteligência artificial. Essas áreas têm em comum o fato de estarem relacionadas às 5 megatendências para o futuro global apresentadas em relatório da BlackRock de fevereiro de 2022.. São elas: inovação e tecnologia, mudanças demográficas e sociais, urbanização acelerada, mudanças climáticas e riqueza nos países emergentes (especialmente asiáticos).

Em relação à inovação e tecnologia, não é novidade que o desenvolvimento tecnológico tem transformado a sociedade moderna, com o mundo cada vez mais conectado. Atualmente, existem cerca de 30 bilhões de dispositivos conectados à internet e é esperado que esse número atinja mais de 75 bilhões até 2025.

Já no caso de mudanças demográficas e sociais, a tendência surge do avanço dos sistemas de saúde e da medicina acompanhado de redução na natalidades. Com as pessoas vivendo mais e tendo menos filhos, os estilos de vida e hábitos do consumidor se tornarão diferentes. E essa é uma realidade de boa parte das grandes economias, não apenas as da Europa e dos EUA. Países como a China também estão envelhecendo rapidamente.

Esses dois movimentos ainda devem acelerar a migração em massa para cidades, com novos modelos de negócios e infraestrutura passando a ser necessários, como no caso das cidades inteligentes, que ainda englobam um foco na questão de sustentabilidade.

Isso está associado à tendência de mudanças climáticas, que estão cada vez mais fortes e gerando uma demanda por ações que levem a um futuro mais limpo e ecológico, sobretudo na Ásia. A China, por exemplo, tem metas ambiciosas de zerar a emissão de carbono até 2060.

Esse destaque da Ásia também aparece na tendência de riqueza dos países emergentes, já que o crescimento mundial dos últimos anos foi puxado principalmente pela Índia e pela China.

Com um maior poder de compra, os mercados de consumo asiáticos estão em expansão e a estimativa do relatório é que as economias emergentes representarão seis das sete maiores economias até 2050. Fica a ser definido, no entanto, o quanto a situação atual de crise internacional afetará essa tendência.

ETFs temáticas na Ásia

O destaque da Ásia no avanço das megatendências globais acaba sendo refletindo no interesse de seus investidores no mercado de ETFs temáticos. O elevado interesse de investidores da região em ETFs de inteligência artificial, por exemplo, está associado à expectativa por trás das mudanças urbanas e de infraestrutura, vindo a ser essencial para as modernas cidades inteligentes.

Já o conceito de ESG é intimamente ligado a um desenvolvimento sustentável e redução das mudanças climáticas, com as ETFs ligadas a mitigação das mudanças climáticas entre as preferidas dos investidores asiáticos, seguindo essa megatendência ao financiar projetos verdes.

Tais movimentos resultaram no valor de mercado total desses fundos ter crescido em todo o pacífico asiático, exceto no Japão. No comparativo anual, houve um crescimento de 19% entre 2020 e 2021.

A China, em específico, tem se tornado o principal marketplace para ETFs e o seu mercado atingiu o recorde de emissões em 2021, com um valor de 300 bilhões de dólares. De acordo com uma pesquisa com investidores feita pelo banco Brown Brothers Harriman, 96% dos entrevistados da China pretendem elevar a participação de ETFs temáticas nas suas carteiras. Em Hong Kong e Taiwan esse percentual foi de 78% e 70%, respectivamente.

Nesse sentido, houve uma mudança no papel que os ETFs temáticos desempenham em um portfólio. Os investidores asiáticos estão deixando de usá-los apenas como um instrumento satélite e aumentando a exposição a esses ativos.

Como explicação para esse fenômeno, especialistas apontam que, em geral, ETFs são percebidas como opções transparentes e de fácil acesso para os investidores diversificarem seus portfólios em direção aos mercados que refletem as principais tendências globais, além de possuírem boa liquidez.

A pesquisa mostrou, ainda, qual segmento de ETF foi destaque em cada país, com a China focando em ESG, Hong Kong em internet e tecnologia e Taiwan em veículos autônomos e elétricos, por exemplo. Independente das preferências setoriais, no entanto, o foco é no crescimento de ETFs temáticas associadas às megatendências globais.

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