Inteligência artificial: regulação como solução para o risco oferecido à sociedade

No momento, essa é a abordagem da legislação que tramita na União Europeia. Ao todo, estão sendo consideradas quatro categorias de ameaças, cada uma com implicações para as organizações e seus respectivos produtos e serviços.
Inteligência artificial: regulação como solução para o risco oferecido à sociedade
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Equipe Propague
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Desde o surgimento do ChatGPT, houve um aumento significativo na procura por sistemas de inteligência artificial (IA) com foco no grande público. No Brasil, uma pesquisa recente da consultoria Deloitte identificou que 70% das empresas pretendem investir na tecnologia ainda em 2023.

Enquanto isso, um estudo da Bloomberg Intelligence estima que esse mercado deve alcançar, globalmente, cerca de US$ 1,3 trilhão em dez anos, o que revela o enorme potencial que se espera, quando comparado aos US$ 40 bilhões registrados em 2022.

São números bastante expressivos para serem ignorados pelos reguladores, pois, a medida que os negócios adotam mais ferramentas digitais, maiores são os impactos no dia a dia do consumidor, tornando mais urgente a busca por respostas para a série de questões envolvendo o uso da inteligência artificial.

Especialmente, quando se fala em inteligência artificial generativa, modelo capaz de criar conteúdo por meio de computador em reação a solicitações em linguagem comum, diferentemente da linguagem de programação, e cujo resultado pode ser algo inesperado e que satisfaça praticamente a todo e qualquer pedido do usuário.

Dessa forma, encontrar uma abordagem que funcione para garantir a segurança do consumidor, sua privacidade e o respeito a questões éticas, de inclusão e diversidade se torna imprescindível no que tange às futuras regulações.

É o que defende, por exemplo, Telma Luchetta, sócia de dados e análises da EY América do Sul. Em artigo publicado pela Agência EY, a executiva chama a atenção para a urgência dessa discussão, tendo em vista a rápida democratização de acesso à inteligência artificial generativa.

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Abordagem da UE sobre inteligência artificial e o caminho para futuras regulamentações

Segundo Luchetta, a abordagem baseada no nível de risco que as soluções de inteligência artificial representam para a sociedade têm sido a opção considerada até agora para as regulações que estão em discussão em todo o mundo.

Conforme apresentado, esse é o caminho que, inicialmente, fundamenta o projeto que objetiva regulamentar o uso da inteligência artificial na União Europeia (UE), aprovado pelo Parlamento Europeu em junho de 2022.

Assim, o documento em questão classifica os diferentes modelos e sistemas de inteligência artificial conforme o impacto que têm.

Os jogos, por exemplo, estão entre os sistemas que representam um baixo risco para a sociedade. Enquanto isso, entre os de risco limitado estão os chatbots. Já em meio aos sistemas de alto risco, encontram-se os veículos. Contudo, os sistemas biométricos de vigilância são considerados inaceitáveis pela futura regulação de inteligência artificial da UE.

Além disso, a executiva ressalta as respectivas obrigações que cada uma dessas categorizações de risco traz para as organizações. Isso envolve, sobretudo, privacidade e transparência para as companhias conforme a faixa em que seus produtos e serviços envolvendo inteligência artificial se encaixam.

Alinhamento com as boas práticas e condutas de IA

Dessa forma, será a abordagem baseada no nível de risco que as soluções de inteligência artificial representam para a sociedade a melhor solução para as futuras regulações?

Luchetta reforça que esse tem sido o caminho adotado até aqui. Porém, enquanto a regulação não vem, as próprias organizações precisam estar atentas às boas práticas e condutas que suas soluções em inteligência artificial devem seguir. Caso contrário, a reputação das empresas corre o risco de ficar comprometida entre investidores e consumidores.

Até porque, questões como privacidade, tratamento e uso de dados, assim como questões morais, de inclusão e diversidade certamente serão contempladas pelos reguladores, independentemente da abordagem de regulação.

Portanto, ela recomenda que todas as verificações possíveis devem ser feitas em cada modelo antes de ser lançado no mercado, observando os comandos e tipos de resposta que podem surgir dos sistemas de inteligência artificial a fim de evitar vieses inconsistentes.

Ao mesmo tempo, ela conclui afirmando que as soluções devem ser suficientemente robustas para garantir a cibersegurança.

 

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