ChatGPT aposta em projeto cripto apesar da instabilidade do setor

De acordo com os criadores, o projeto pretende ser a maior e mais inclusiva rede pública financeira e de identidade do mundo, independentemente do país, origem ou condição econômica dos usuários.
ChatGPT aposta em projeto cripto, apesar da instabilidade do setor
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Equipe Propague
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Aproveitando-se da popularidade alcançada pelo ChatGPT, Sam Altman, CEO da OpenAI, empresa responsável pelo desenvolvimento da ferramenta de inteligência artificial (IA), anunciou a criação de uma blockchain, incluindo uma criptomoeda própria. Conforme disse, a ideia é estimular ainda mais o campo da IA, assim como a economia global, praticando o que está chamando de “democracia financeira”.

Com o lançamento estimado para o segundo semestre de 2023, a empresa espera arrecadar em torno de US$ 120 milhões para alavancar a Worldcoin, nome dado à nova rede do fundador do ChatGPT. Para isso, está à procura de um investidor líder, tendo como alvo os fundos soberanos, segundo divulgou a empresa de serviços de informação focada em ativos digitais, The Block.

A saber, não fosse o momento crítico em que vive o universo criptográfico, a Worldcoin surgiria simplesmente como mais uma iniciativa capitaneada por um importante player global.

Mas, em 2022 tivemos o colapso de importantes criptomoedas e a falência de empresas proeminentes do setor, eventos classificados dentro do que ficou conhecido como inverno cripto.

Além disso, as maiores economias globais têm apertado o cerco em torno da regulação criptográfica e diversos governos vêm apostando no desenvolvimento de versões virtuais de suas divisas por meio das moedas digitais de banco central (CBDCs na sigla em inglês), para fazer frente o avanço das moedas digitais privadas e as ameaças a elas atreladas.

Soma-se a isso o fato de o projeto cripto do criador do ChatGPT ter como fundamento um protocolo de identidade digital de código aberto baseado em biometria, sustentado pelo conceito de “Proof of Humanity”, mecanismo que verifica a existência física e a identidade única de um indivíduo, que vem recebendo diversas ressalvas.

Como deverá funcionar a rede cripto do ChatGPT?

Segundo o desenvolvedor do ChatGPT, a Worldcoin funcionará através de um token homônimo. Por enquanto, a rede segue em fase beta. Portanto, o token ainda deverá ser lançado, mas a expectativa é de que isso aconteça na segunda metade deste ano.

O projeto, de acordo com seus criadores, tem uma missão ousada: ser a maior e mais inclusiva rede pública tanto financeira como de identidade do mundo, independentemente do país, origem ou condição econômica do usuário.

Nesse sentido, a rede cripto do ChatGPT disse que contará com o aplicativo World App. Por meio dele, os interessados já estão liberados para se cadastrar e, em contrapartida, começar a receber a criptomoeda nativa da rede.

Baseada nessa proposta, de um token comum, é que a Worldcoin aspira exercitar o que chama de democracia financeira, expandindo, a participação e o acesso  à economia global.

Aliás, os sócios dessa nova empreitada do fundador do ChatGPT esperam que a Worldcoin se torne uma moeda global e com o propósito de financiar a distribuição de uma espécie de renda básica universal. Para isso, espera estabelecer parcerias com governos e empresas e obter doações de fundos filantrópicos e da própria comunidade.

Além disso, o projeto também propõe criar:

  • Identidade digital inclusiva, ou seja, descentralizada para que as pessoas ainda sem identidade física possam ter acesso a uma identificação;
  • Identidade digital global, para ser reconhecida mundialmente;
  • Combate à fraude de identidade, visto que se baseia em biometria;
  • Princípio de privacidade, já que a empresa afirma que não irá armazenar informações pessoais detalhadas, apenas verificar a identidade do usuário; e
  • Gerar credibilidade, aumentando a confiança e a transparência nas operações.

Ademais, como protocolo de código aberto, a iniciativa objetiva ser alimentada por uma comunidade de desenvolvedores, economistas e outros especialistas de todo o mundo.

A controvérsia em torno do acesso à Worldcoin

Além do projetodo criador do ChatGPT surgir em um momento conturbado para o universo cripto, a iniciativa vem acompanhada de uma questão bastante polêmica: o cadastramento na rede se dá escaneando a íris do olho humano, em troca, o usuário recebe as criptomoedas nativas da Worldcoin.

A identidade de quem cadastrar na Worldcoin é captada por um dispositivo conhecido como Orbe, capaz de escanear a retina das pessoas. Depois disso, o usuário recebe sua World ID, espécie de RG global, o qual, segundo a empresa, ele pode usar em vários aplicativos, além do World App, sem precisar revelar sua identidade.

A justificativa para esse procedimento é de que ele é necessário para a identificação digital única de cada pessoa, evitando fraudes, e para que cada um receba as moedas digitais de forma justa.

Porém, essa tática vem colecionando críticas relacionadas com a privacidade dos usuários, ainda mais considerando que é uma empresa em fase beta, que tende a coletar dados biométricos pessoais de milhões de indivíduos.

Em resposta, como já mencionado, a empresa afirmou que respeita a privacidade, visto que não pretende armazenar informações pessoais detalhadas, somente verificar a identidade dos usuários. E mais: garante a segurança dos dados e de que estes não serão compartilhados e muito menos vendidos.

Entretanto, especialistas em segurança digital afirmam que a coleta excessiva de informações pessoais pode ser perigosa que, caso não seja rigidamente controlada, poderá acarretar prejuízos sem precedentes, tanto de reputação como financeiros.

Ainda mais diante do debate sobre os usuários de qualquer plataforma passarem a ter o total controle sobre os seus dados. Vide as críticas constantes às big techs.

 

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